Junto às chaves transporto uma pedra de amolar, um amigo que trabalha num armazém de curtumes disse-me que este tipo de faca é ideal, de pequena dimensão, ligeiramente curva na ponta aplico-a cuidadosamente, o tipo de corte oferecido funciona conforme a colocação sobre a pele, o ângulo e a força exercida pelo pulso, continuo cauteloso e procuro estabelecer o método indicado de acordo com os hábitos e actividades diárias, uso luvas de borracha, cirúrgicas preferencialmente, posiciono-a sobre o manto, conheço-lhe os poros, não me deixo confundir, oriento-me através das saliências e rugosidades, das protuberâncias e da inclinação alternada das pilosidades, antecipo pois, é dado adquirido, organizei um pequeno estudo acerca dos condicionantes, sei tudo sobre o local e a hora a que devo proceder, as sobras de sandes no tapete do carro e esta barba suja de café são bom remédio, já nem insisto para que o olhos se mantenham entreabertos, mas sei que quando chegar o momento consigo reactivar toda a sobriedade e aguço os meus sentidos, despique…sim, é disso que se trata, quando abro a janela o maldito foge, aguardo ansiosamente o dia, farto de adiar os sonhos, noites em branco, perdi-lhes a conta, quero que resulte pois não sei se aguento mais um mês desta merda, o filho da mãe do esquilo e o seu ruído matinal.
1 comentário:
Já estávamos com saudades :)
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