Por vezes distraio-me com o pára-brisas, vejo a água escorrer de alto a baixo e observo o esvaziamento da superfície varrida pelas escovas, desvio-me para possibilitar passagem aos mais incautos, às vezes assusto-me com o som repetido das bandas sonoras, chocalhado pelo vento gosto de ouvir o embate da chuva sobre a chapa, do retorno através dos pneus, do ritmo dos para-lamas dos automóveis à minha frente, vejo-os dançar enquanto espirram na minha direcção, atento a cada foco de luz e ao brilho reflectido no asfalto, quase desmaiado de cansaço deixo-me adormecer, repreendido por um buzinar intimidador corrijo o olhar descuidado, endireito o corpo e sigo em frente.
Sem comentários:
Enviar um comentário