sábado, 31 de janeiro de 2009

Descritivo B

Riscas diluídas no cortinado para que desapareçam as manchas, aperto num dos lados e oiço o bater das argolas de plástico enquanto as reúno no lado esquerdo, a roupa quase que descai por si mesma, já estou habituado ao movimento de pernas, obstáculo fácil de ultrapassar por agora, daqui a uns anos talvez tenha que o reaprender, ao jorro de água inicial recuo um pouco, os pés unem-se à força para impedir que o frio permaneça entre os dedos, sento-me e sinto o reposicionamento das rótulas, o estalido duplo como de costume, as misturas frio e quente estão gastas nas torneiras, é este o momento demorado ao inicio do dia, traz-me grande satisfação, mas lá terei que saltar cá para fora eventualmente, sentir os cubos de gelo que me percorrem a coluna, o ripostar dos azulejos floreados, secar-me e vestir-me à pressa.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Descritivo C

Por vezes distraio-me com o pára-brisas, vejo a água escorrer de alto a baixo e observo o esvaziamento da superfície varrida pelas escovas, desvio-me para possibilitar passagem aos mais incautos, às vezes assusto-me com o som repetido das bandas sonoras, chocalhado pelo vento gosto de ouvir o embate da chuva sobre a chapa, do retorno através dos pneus, do ritmo dos para-lamas dos automóveis à minha frente, vejo-os dançar enquanto espirram na minha direcção, atento a cada foco de luz e ao brilho reflectido no asfalto, quase desmaiado de cansaço deixo-me adormecer, repreendido por um buzinar intimidador corrijo o olhar descuidado, endireito o corpo e sigo em frente.

Procedente

Abasteço-me de ingredientes, recolho-os e castigo-os distorcendo-os, os itens principais são rejeitados, sem previsibilidade, sem reconstruir o palpável, recuso o transporte fácil, não apoio os braços nas escadas rolantes, fico pendurado de cabeça para baixo e deixo verter as variantes rosa do meu rosto, atinjo-os onde resulta, empilho-os aos portões, deixam-se encurralar.

O segundo ramo da árvore, o tronco húmido repleto de fungos,
Cartilagens desfeitas e perfurações regulamentadas,
As poças perduram, ocultam-se os detalhes.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Acumulado

Encharcado, de costas viradas para o alcatrão e pernas cruzadas enquanto folheio um catálogo de cortinados para chuveiro, deitado no corredor central à entrada do túnel, a cada par de faróis que por ali segue, a cada pestanejar aprendo um novo significado, e gosto do que vejo, são estes momentos que vivo intensamente, não receio novos impactos contra os suportes laterais, oiço os insultos de longe quase que abafados pelo ruído dos motores, afinal tenho audiência, sentam-se no chão junto ao passeio, bebem e fazem uns desenhos com giz no betão.

O Espirro

Sai um escorrimento, cai sobre uma das lâmpadas e rebenta, sobejam algumas partículas que se espalham pelas restantes, riscam a superfície, as perturbações deixam estrias, a durabilidade afectada, permanecem os casquilhos e os arrancadores, o pó composto distribui-se pelas que sobram, o fósforo reage, a luz emitida rejeitada pelos meus olhos perfura-me a pele, as radiações deixam-na gelatinosa, as sucessivas descargas aplicadas provocam uma quebra de energia nos arredores, a casa parece um centro comercial, uma pista de descolagem à noite.

Jong-il

Junto às chaves transporto uma pedra de amolar, um amigo que trabalha num armazém de curtumes disse-me que este tipo de faca é ideal, de pequena dimensão, ligeiramente curva na ponta aplico-a cuidadosamente, o tipo de corte oferecido funciona conforme a colocação sobre a pele, o ângulo e a força exercida pelo pulso, continuo cauteloso e procuro estabelecer o método indicado de acordo com os hábitos e actividades diárias, uso luvas de borracha, cirúrgicas preferencialmente, posiciono-a sobre o manto, conheço-lhe os poros, não me deixo confundir, oriento-me através das saliências e rugosidades, das protuberâncias e da inclinação alternada das pilosidades, antecipo pois, é dado adquirido, organizei um pequeno estudo acerca dos condicionantes, sei tudo sobre o local e a hora a que devo proceder, as sobras de sandes no tapete do carro e esta barba suja de café são bom remédio, já nem insisto para que o olhos se mantenham entreabertos, mas sei que quando chegar o momento consigo reactivar toda a sobriedade e aguço os meus sentidos, despique…sim, é disso que se trata, quando abro a janela o maldito foge, aguardo ansiosamente o dia, farto de adiar os sonhos, noites em branco, perdi-lhes a conta, quero que resulte pois não sei se aguento mais um mês desta merda, o filho da mãe do esquilo e o seu ruído matinal.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Reencontrar

Fibras entreabertas que possibilitam a passagem da neblina que paira por ali, sinto a pele fria mas o corpo trata de compensar a diminuição de temperatura, algumas gotículas que procuram caminho através dos pelos no meu peito, retidas, acabam por desaparecer misteriosamente, termino num despertar integral, sinto o bater do coração, sinto-o pois os meus dentes cerrados transportam a vibração aos meus tímpanos, nervosismo, nervosismo mas do bom, daquele que aumenta o tremor das mãos, assim que a vejo deixo-me ser transportado como se estivesse a flutuar, desocupei as minhas pegadas, os pés descaídos tocam a superfície arenosa deixando rasto com o seu nome, e assim que ela explode com aquele sorriso maravilhoso, aquele transparecer de emoções que já conheço há imenso tempo, acabo também eu por prender o lábio por entre os dentes, perceptíveis no rosto as nossas vivências, os nossos segredos, ambos acreditamos em vidas passadas, e ela recorda-me uma época muito especial de um outro instante, repetimo-lo vezes sem conta, e é sempre melhor de cada vez, chego-me a ela e abraço-a, aperto-a enquanto a beijo, e deixamo-nos ir, faz-se dia e faz-se noite, passam muitos outros por nós, e nós permanecemos, vamo-nos incorporando, vamo-nos absorvendo…

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Mágoas -> Vida

Mágoas Passadas / Solidão

Observo a frequência de um espuma branca que me preenche o copo formado pelo meu cruzar de pernas, de cada vez que a água escoa pelas minhas falhas junta-se-me um envelhecimento precoce, o enrugar dos dedos revela um orientar desviado daquele que havia estabelecido de inicio, mãos desalinhadas, deixo escorrer a areia molhada para dentro deste espelhar por devolver, este surto gélido previne o meu reencontro, céu turvo tal como o meu desespero.

O Inicio / Mudança / Reencontro

O desbotar de cada furo no topo da abobada celeste, é o término do período demarcado pelo reflexo da superfície esbofeteada por meteoros, o planeta falecido retira-se, desliza-me pela coluna vertebral, liberto-me finalmente de cada bafo pendido, dos cortes que sofro cada vez que respiro, desencaixo os dedos e rodo os pulsos para trás apoiando-me sobre as palmas das minhas mãos na fina camada de água aquecida transportada desde o outro lado do oceano.

Obstáculos / Revelações / Aproximar

Ofuscam-me as labaredas da estrela recém-nascida, soltam-se truques multifacetados, rejeito toda a raiva desordenada que me preocupa, reencontro o meu trilho passado, e vejo que segue pelo mesmo percurso uma mulher de vestido preto, maré baixa, defesas desbloqueadas, crescem margaridas de cada pegada pela qual avança, colhe-as, abraça-as e entrega-mas, sortido emocional, algumas sem pétalas.

Novos Capítulos / Viver

Enrosca-se no meu corpo, deito-me nos seus braços, acomodo-me nos seus seios, misturam-se os cheiros outrora existentes, fluem conjuntos de ideias, combinamos as nossas vidas, combinamos experiências novas, construo-te um novo céu, nuvens de algodão que reflectem para bem longe todos os monólogos adversos, a instabilidade foge-nos à vista, searas agitadas pelo vento, opções tomadas em uníssono, percorremo-las descalços.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Que falta de imaginação!!!

Como distinguir entre sinceridade e a mentira compulsiva, cross referencing, investigamos discretamente a vida das pessoas, procuramos saber o que as impulsiona, aquilo que as afecta em determinadas circunstâncias, tiramos conclusões rapidamente quanto à sua insignificância quando se prendem exageradamente a bens materiais, quando são controladas pelo gastar do ordenado ao final do mês, o dinheiro apenas tem valor se evitarmos que se apodere daquilo que somos como indivíduos ou enquanto vivemos em conjunto com o resto da sociedade, a própria palavra implica um sistema hierárquico distribuído, os maus tratos entre estratos sociais são inevitáveis pois os que se deixam reger pelo sabor do dinheiro acabam por ceder à tentação de reter parte da riqueza originária nas camadas de base, provenientes da classe operária, procuro não generalizar ou estereotipar acerca daqueles que me rodeiam baseado unicamente na categoria profissional a que pertencem, acho que ninguém tem o direito a avançar com insultos tendo em conta apenas esse aspecto, acredito que é possível de alguma forma contrabalançar este desnivelamento existente, livramo-nos dos políticos e dos advogados, enviem-nos todos para o inferno, mas um bem real, com muita lava à mistura.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Avançar

Ocorreu-me, foi durante o primeiro contacto,

Manifestas-te, e eu senti o teu ardor,
Entrelaçamo-nos, misturamos pareceres,
Um inundar contido, que se revelou intenso,

Permitiste-me que larga-se todos os meus receios,
Repetiste-me os teus suspiros, as tuas carícias,
Instiguei-te, aceitaste a tua própria noção,
Mostrei-te que deverias pôr termo a assuntos passados,
Encontras-te aquele sabor merecido, o retribuir devido,
Impressionada, soltas-te o teu desafogo,
Restabeleceste o teu trilho, o que havias sonhado,
Orgulho-me deste teu novo ritmo, fazes-me feliz,

Amor, enquanto te libertas, apoia-te nestas minhas palavras,
Mostro-te as candeias bem iluminadas, segue-as,
O meu grito, oriento-te, este nevoeiro perde-se,
Regressas a casa, entregas-me os teus lábios meu AMOR.

Luv ;)

Acredito que existe todo um desenrolar de eventos que nos possibilita um grande salto de um período complicado da nossa vida para a fase de renovação interior, aquela réstea de personalidade que insiste em se manter acesa procura um desses instantes como se mais nada existisse à sua volta, de olhos bem abertos sinto que caí num desses túneis que me transporta para uma revolução, não é bem visível no meu rosto, mas deu-se lugar a um desencadear de mutações emocionais, e despertares curiosos que são bem partilhados com esta mulher meiga, carinhosa, inteligente, linda, compreensiva e tudo aquilo que ficará apenas entre nós ;), os nossos peitos soltaram a abertura de um compartimento e os nossos corações fundiram-se, os nossos pensamentos já estavam à muito tempo interligados e a cada passo para o qual avançamos naturalmente, vemos que existe cada vez mais um culminar de sentidos inesquecível, é inexplicável ;) mas a partir do momento que libertámos os nossos entenderes, deu-se lugar a um arranque ainda maior para que o encaixe se conclua, para que não existam fissuras nesta união, relacionamento estanque e bem resistente, formamos um todo, e vamos combinando experiências juntos, e vamos crescendo, amo-a tanto, amo-a mesmo que não lhe tenha sentido o toque ;)

Mostarda entre Aspas

Este desregular temporário é meramente satisfatório, é preferível escrever sobre líquidos viscosos, ao invés de planear um massacre de centenas de pessoas, ao menos estes apontamentos não passam deste suporte, a não ser que algum idiota adapte a minha escrita ao manual de serviço da sua recém criada seita de cooperantes inaptos, sempre dispostos a beber um pouco de veneno, enfim, não me apareçam à porta de casa com panfletos repletos de imagens adoráveis que sugestionem a partida para o planeta gunnerkrigg oki???

sábado, 17 de janeiro de 2009

Ginásio

Nacos espalhados por toda a parte, a violência com que caiu enquanto corria no tapete fez com que um dos ossos do seu antebraço esquerdo perfurasse a massa muscular e todos os tecidos, sobressaído encaixou-se num dos apoios laterais, o corpo balançou para o lado direito, ficou virado ao avesso com a parte de trás da cabeça encostada ao avanço rápido daquela lâmina de borracha preta, a superfície eficiente de grão avantajado parecia-se mais com lixa para metal, áspera e suficientemente cortante para fazer rolar pedaços de osso do crânio para todos os cantos da sala, os salpicos de sangue escorriam pelas paredes, os assíduos frequentadores do ginásio limpavam a mistela nojenta composta de bílis, fezes e gordura acumulada.

( paralelismos e sinapses descoordenadas, o tresvario avança gradualmente ;)

Preciosismos de vida

Defendo-a, não que seja necessário, mas porque acho que devo, é a sua partilha que me impulsiona, são estes os momentos que me proporciona, é este o método renovado, nunca distante, não linear, todas estas possibilidades espantam-me profundamente, é um sentir colossal, indescritível e imutável de certa forma, digo-o pois consigo apreciá-lo em cada segmento novo para o qual nos deslocamos, cada novo trilho a descoberto, todos partilhados, todos por explorar, abastamo-nos de todas as benesses providenciadas, a polpa, a casca e os caroços, não existe o amargo por estes lados, é o adocicar imediato.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O Colorir

Não te sintas atrapalhada, não pelas minhas palavras,
O que gosto, bem... é mesmo de uma boa tradução,
Mas não daquelas fáceis, e sim das que demoram o seu tempo,
E a espera corrobora o sobressalto que tanto anseio,

De obtenção demorada, mas refinada e amena,
Encontraste-me e não mais me deixaste de ouvir,

Quando procurávamos ambos um novo cenário,
Usaste os teus descritivos imaginários,
Entregaste-me a tua opinião, e eu aceitei-a sem hesitações,
Mostraste o que te motiva, e os teus quereres,

Acredita que te trago boas noticias,
Mostras favoráveis e um substituir dessa tua magoa passada,
Onde te possa estender o meu braço, e tu o teu a mim.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Resoluto

Estive atolado em paragens, levei com jarros de água da sarjeta, fiquei condicionado pela espera em apeadeiros, preso na lama, enforcado no estendal da roupa, tratem-no como quimérico este meu mundo, atirem-lhe utópico para cima, mas neste momento aprecio o olhar de quem me ama, de quem quero que me ame, que me compreenda e que despolete o que de bom tenho dentro de mim, sinto-me feliz, sinto-me excitado pelo seu ondular, pelo seu esvoaçar ao meu lado...

Lanço-me

Definido mas desdobrado está o Canto, desprotegido e livre de preocupações passadas, permite uma leitura rápida, completou os requisitos, afastou os cortinados e olha pela janela para o exterior, queima o pavio de todas as dúvidas que se apoderavam de cada uma das suas faces, viradas para si, unidas mas desencontradas, expulsou os desperdícios, foram desconsiderados todos os relógios parados no tempo, leva consigo quem o ouve e salta cá para fora, cai na areia de pés bem juntinhos e segue o percurso traçado, o novo mapa para a felicidade, a tentativa sem o erro...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um Outro Ensaio ;)

Apetece-me sorrir, e sorrir de dentro, quero que encontrem neste meu sugestionar todo um apetite que vos permita um saborear aguardado, é esse o vosso retratar do agora, é esta a vossa troca de vivências e dedicatórias, será para breve esse vosso esvoaçar, desejo-vos um contemplar merecido, retirem desses vossos instantâneos a autenticidade da vossa procura, um abraço grande para os dois ;)

Obturador

Não me ficam registados os sonhos, e ainda bem, pois se enquanto me mantenho desperto o meu consciente já é disparatado quanto baste, imagino o caos gerado pelas recordações armazenadas debaixo dos lençóis, será que o cérebro excede a capacidade máxima suportada, sobreaquece e acaba por eliminar todo o conteúdo temporário, o que realmente se alterou quando reduzi o número de horas desperdiçadas de oito para aproximadamente quatro/cinco, foi a reconstrução imediata de faces, sinto-as, vejo-as nitidamente, sem ocultações de contornos ou recorte do cabelo, observo todos os pormenores, e os detalhes alargados, nunca assisti a um sonho desta forma, se o meu corpo me permitisse um maior controlo sobre a fase final, mesmo antes de acordar, era bem capaz de escolher uma redução do intervalo para os últimos minutos apenas, aqueles em que abrimos os olhos e vislumbramos os últimos flashs das câmaras.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Rubik Básico

Quando um miúdo de quatro anos se senta ao nosso lado com um daqueles brinquedos com canções divertidas, e consegue ficar horas a fio a carregar em todos os botões, combinar todas sonoridades, é impressionante… isso e mini jogos na net, é a alegria do puto, já estou tão acostumado e calejado com o crescimento de todos os meus sobrinhos que consigo ficar para aqui a escrever sem que me atrapalhe, é mais a dor de cabeça que me barra a escrita rápida, é que ando a dormir tão pouco e a escrever tanto que acabo por escrever tão pouco em tanto tempo, acontece… foi algo que me lembrei de partilhar ;)

Ingressos Esgotam-se Rapidamente

Por vezes fico com a sensação que a escrita de alguém está apontada para mim, as palavras soam-me bem, sinto-me radiante, mas também me sinto exausto, porque nem sempre me são dirigidas, e é essa possível ruptura que me mantêm afastado, não procuro sovar aquilo que foi afirmado, mas que por vezes magoa, magoa, e lá nos vamos recompondo como de costume, acho que também eu faço o mesmo, e olhem que me esforço imenso na orientação que dou a essa mesma composição, por vezes passa-vos ao lado, por vezes acerta-vos em cheio, mas quase sempre ficam sem saber como reagir, tal como eu.

Aos Cinéfilos

Bem possível seria para alguém passar os restantes dias da sua vida a utilizar trechos de diálogos de filmes como substitutos de conversação originais, tenha assistido em retro projectores, cinemas, cineclubes, no conforto do lar transformado num "couch potato" ou junto à pessoa que se ama ( distraído com o desenrolar de eventos )...

( participam todos os que quiserem mas evitem repetir flics, faço eu o primeiro post, e vamos tentar rodar o bicho aos 200 comentários )

Par de Sapatos

De cada vez que uma peça de vestuário ou calçado se encaixa perfeitamente no meu corpo lembro-me daquilo que entendo por amor, quando avistamos alguém que nos desperta alguma curiosidade exigimos uma série de desafios afim de determinarmos se essa pessoa coaduna connosco, fica o exemplo de um par de sapatos, em exposição estão colocados de forma a atrair o maior numero possível de clientes, tudo parece apontar para um artigo de qualidade, temos então a prova necessária para inventariar todos o defeitos iniciais, ficamos por assim dizer satisfeitos com a boa aquisição, passamos à prática, o dia a dia em que sentimos a dificuldade de adaptação, com ou sem um esforço imposto, podemos pedir uma devolução e passamos ao item que os substitui ou então conformarmo-nos sem reclamar, sabendo que eventualmente funcionarão como parte de nós, e talvez seja dessa forma que encontramos aquilo que pretendemos, os que estão dispostos a aguentar mais um pouco, são esses que se deixam levar por toda a experiência e partilham o verdadeiro conforto, todos os outros reiteram.

(ensaio n.º 7)

Aceito essa tua fuga, faço questão de to indicar, não me deves satisfações pois sabes que nunca houve razão para tal, acredito que se tratou de uma intempérie, continuas a pedir o meu perdão, não vejo porquê, não o amas, foi um teu momento transitório, não quero que te acostumes pois também eu resvalo, mas basta que tenhas em conta o meu historial, em tempo algum foi-te sugerido esse tipo de escape, este meu ponto de vista é motivo suficiente para que nunca tenhas com que te preocupar, sabes que continuarás a ser tudo aquilo que nunca esquecerei, não duvides do que te digo pois os meus braços estão sempre dispostos para que te aceite novamente.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cerebreia #13

Enquanto conduzo, o carro guina para fora da estrada, retomo o controlo e puxo-o para a esquerda, vejo à minha frente que para além das duas faixas para sentidos opostos, como gavetas que se abrem, novos tapetes de alcatrão não suportados por pilares surgem no horizonte, arqueados pelo peso também estes se abrem, ficam ao todo seis possíveis faixas de rodagem, desniveladas no entanto, reparo que de dez em dez metros saem uns tubos que vertem avelãs sobre a superfície, todos os carros começam a patinar descontroladamente, nem acredito como consegui escapar ileso, parei entre as duas faixas do meio, perdi a conta ao numero de colisões, e tal como sempre faço, tratei de fotografar tudo o que pude, mais tarde voltei a casa, fechei-me na cave para poder revelar as fotos, falhei todo o processo por algumas vezes, assim que olhei para a primeira foto tive que me baixar rapidamente, passa-me por cima da cabeça um resto da grelha frontal de um cadillac cts, rastejei para fora da sala, depois de um estrondo enorme volto a abrir a porta e fico espantado, todos os fragmentos metálicos dos automóveis envolvidos no acidente preencheram de alto a baixo o meu pequeno laboratório.

Vigília

Luz de presença, não desgosto da vizinhança, já lhes basta o ruído causado pelo passeio abrasivo de chinelos, indeciso de controlo remoto sobre o edredon, alterno entre concursos televisivos até que encontro um dos meus favoritos, aquele do apresentador mexicano dobrado para português dessincronizado, o tipo esgueira-se por entre os espectadores na plateia, surpreende-os com delicias cozinhadas por si no programa que antecede a este, é que neste horário atribulado das quatro às cinco da manhã com a audiência a resvalar nos respectivos lugares, todos se deparam surpreendidos com um apontar de um foco de luz irritante, não há escape possível, e é nesses estranhos momentos que retiro alguma satisfação enquanto assisto, a pele em torno dos meus olhos impede o meu adormecimento, tal é o revestimento salgado, o brilho expelido pelo televisor deixou de me incomodar à anos…

"Morte" por Capicua

Capicua que representa o espaço devoluto
O avizinhar de um novo millenium...

Os dias que já se foram,
Comédias e sátiras e promessas,
Estimativas embora falsas,
E realidades Impossíveis

Rancor! Que Indicado!
Modelos e esquemas de compressão

O virar de outras horas,
Respeitar os factos e provocar distúrbios dos que crêem começar,
Imaginar as figuras desfiguradas,
E regressar à animação inanimada.

Maternidade

( Ora vejam-me bem este idiota, todo aperaltado, parece ter caído do berçário, terá sido a mamã que o vestiu e que lhe apertou o lacinho, sapatinho de vela e camisa a condizer com a barriguinha de cerveja, e não é que este imbecil em vez de me ceder o lugar ainda desvia aqueles olhos de papo-seco, ó palhaço não vês que tenho o miúdo comigo, será mesmo absolutamente necessário que te indique a razão pela qual procuro lugar sentada, trago outra criança para entrega cromo, para de fingir que te enviam mensagens que as mulheres não querem nada contigo, essas mijas de suor debaixo dos braços enojam-me, e a cereja no topo, inclina-se para o lado e revela um pouco do rego, que beleza, muito agradecida, sim senhor, e ao final de um dia de trabalho de caca, é este resultado de jogo a que tenho direito, como se não bastasse a sobrecarga de tarefas que me foram atribuídas, ter que aturar aquela outra amostra durante a hora de expediente, mais um a que a gravata ficava era bem atada a uma árvore, saltava-lhe a língua, era uma solução gratificante a longo prazo, menos um inútil no recipiente, um totó despachado por assim dizer... )

domingo, 11 de janeiro de 2009

A palavra não foi encontrada

Novamente um escadote, já é o quarto nesta rua, será que hoje é o dia dos escadotes, vejo escadotes encostados, escadotes de alumínio, escadotes sem pés colocados, escadotes pintados de verde, escadotes com e sem suportes adicionais para baldes de tinta, com e sem degraus anti deslizantes, com dois ou apenas um trabalhador, escadotes por utilizar, escadotes de qualidade inferior, e mesmo escadotes partidos no chão, a verdade é que toda esta conversa sobre escadotes, não leva a lado nenhum, a não ser falar sobre mais escadotes, e é assim que consigo aquecer os dedos, a falar dos desgraçados dos escadotes, é daqueles momentos para esquecer, enfim, falar de escadotes, para a próxima escrevo sobre pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconióticos, sempre exercito melhor os dedos.

Light Bulb

Não prevejo um acercar, sempre que me aproximo acobardo-me, e embora desconheça a razão para tudo isto já conto com o que se avizinha, reajo descomplexando e acerto a gola da camisa enquanto passo a engolir em seco, e acho estranho todo este excesso de zelo com que me deparo, não se trata de uma invenção, é algo que se apodera do meu corpo, que desgraçado, que filho da mãe deverei ter sido numa outra vida para que isto me suceda, por vezes dizem-me que não passa de um escape, que basta que encontre um método diferente para a abordagem, o meu grande receio é que não seja suficiente, que de cada vez que toco na maçaneta da porta e fico encolhidinho junto à parede, a lâmpada de entrada rebente sobre a minha cabeça, continuo estacionado enquanto lhe aponto os olhos.

(ensaio n.º 6)

Os teus outros lábios percorridos pelos meus dedos, de costas viradas entrelaças as tuas coxas como se de uma medida tomada se tratasse, mas acabas sempre por ceder irremediavelmente, sentas-te ao meu encontro e encostas os teus seios ao meu peito, esmagando-os sem que te magoes, sem que dês por isso, este trepar determinado, este abraço obtido através de um toque simultâneo, não hesites, quero que te justifiques desta forma, contrais-te e aqueces-me até que não resista mais, e também eu acabo por ceder deixando-me quebrar junto aos teus ombros.

O Armazém

Ainda não mo permiti, mantenho-me atento,
Retenho o inabalável, Retenho-me incauto,
Julgo-os pelos encontrões dados, incipientes!
Aquando derrubado, lanço-lhes consequentes perdas,
Cuspo-lhes sangue, que lhes escorra pelas palmas das mãos,
Para que se infectem a eles próprios, nem para tal os auxilio.

Ignoro os seus passos, o arrastamento constante,
A contrariedade de que padeço, e o meu impedimento para tal,
Impossibilitados e demovidos, de marionetas se tratam,
De trajes rasgados, inutilidades, isso sim! ah!
Não lhes fazem falta, não passam de lâmpadas fundidas!
Debruço-me sobre todos e fecho as pálpebras deste meu armazém.

Aperto

Excluo-te, desgostoso e intoxicado,
Obtenho um sabor amargo dos teus lábios,
Não mais estás presente, rejeito-te,
Procuro que te afastes, que não mais te faças sentir,
Não por estes lados, não de encontro a mim,
Trocaste-me as voltas, retiro-te esse direito.

Completavas-me, eras o meu todo,
Mesmo que considerado desviante, foi-me permitido,
Esse amor, agora destituído do seu cargo,
Composto pela falta de animosidade, pela ausência,
Pela ruptura de todos os meios, devorado,
Tal como nos fora indicado, tal como fora imposto.

Cerebreia #12

O amontoado de caixas de cartão forma uma torre até ao tecto, o meu corpo separa-se por secções, os braços fecham a porta da sala e os trincos, as pernas correm para fechar todas as janelas, para tal basta-lhes pontapear a parede, o torso desfaz-se em mil bocados, trepam e trepam, e preenchem o conteúdo de todas as caixas empilhadas, a cabeça colocada sobre o soalho, esquecida lança um sopro sobre a pilha, mas não a consegue derrubar, faz sim com que cada pequeno recipiente se organize no tecto, forma-se então uma matriz de nove por nove, cada caixa com a abertura virada para baixo, os olhos detectam uma anomalia durante o posicionamento e aguardam desesperadamente, após alguns segundos todos os pedaços se libertam do seu encaixe, caem para o chão e deslizam em direcção à cabeça, por momentos receei um aproximar de todas as memórias rejeitadas.

Plástico

Encontro-te perto, e de gume aguçado maltrato-te,
Transporto-te pelas ruelas como um naco,
E retiro-te o brilho que o teu corpo insiste em reanimar,
Não conseguirás reorganizar esse teu fôlego,
Impeço-te a entrada neste circulo,
Atreve-te! Experimenta um abrigo e verás.

Reconstituo o gatilho e deixo-te sozinha,
O plástico que te envolve desacredita-te,
Despoleta uma deterioração repentina,
Contracto o teu lugar por debaixo da campa,
Demarcada pela tristeza devida,
Pela retirada de ofensas e suplícios.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Pré-Pré-Pré-Pré-Preliminares

Fica então patente esta grande dedicatória a essa moiça ( ela sabe quem é ;) que tratou de me espicaçar até cair para o lado a rir, fica assim e de uma vez por todas registada a minha lista de 50 pré-requisitos iniciais para a procura da mulher da minha vida, a que deverão responder por email caso estejam interessadas, após o apuramento das primeiras 4 candidatas envio por correio electrónico o contracto pré-conjugal e restante documentação...
  1. Não pode ter menos que 1,20mt e mais que 2,40mt de altura
  2. Deve fazer o buço, depilar as pernas e as axilas com regularidade ( não quero que me arranhe enquanto durmo, nem sentir o cheirinho a suor debaixo do braços durante os preliminares )
  3. Não pode passar mais que 1h30m no duche ( a não ser que também lá esteja eu )
  4. Nunca mas nunca deverá beber leite de soja pelo pacote
  5. Goste de fazer amor na posição sentada ( nada de strapons )
  6. Não goste de comprar demasiados acessórios Hello Kitty
  7. Não use peluches a mais dentro do carro ( e muito menos naprons / rendas )
  8. Não me trate por papá ou chame menino ao meu pénis durante qualquer tipo de intimidade
  9. Têm que surpreender-me em locais públicos com grandes beijos ( gosto de um grande molhado enquanto nos seus braços, também me agrada a ideia de cabines telefónicas )
  10. Pode gostar de futebol mas nunca deve assistir a jogos junto às claques e pintar os seios da cor do seu clube favorito para depois levantar a tshirt durante os intervalos, demonstrando assim todo o seu apoio
  11. Que não tenha estatuetas da virgem maria espalhadas pela casa toda
  12. Que não tenha fotografias na mala / carteira do Clive Owen
  13. Saiba escrever os "à" e os "há" nos sítios certos ( para me poder corrigir )
  14. Que saiba o que é "jesu" e que não pense que é jesus sem o “s”
  15. Que não passe o dia no local de trabalho a comentar os comentários no hi5 de como as suas fotografias são todas xD
  16. Saiba ler e escrever
  17. Que me conduza para onde quero enquanto insulto os transientes de vidro do carro aberto gesticulando descontroladamente
  18. Quando está na "casinha" sentada na retrete prestes a lançar um chocolate que tenha a decência de fechar a porta
  19. Caso esteja acompanhado pelos meus amigos, que não ande pela casa despida da cintura para baixo
  20. Que durante um pagamento à saída de um restaurante e enquanto procura a sua carteira dentro da mala, não coloque o vibrador em cima do balcão de atendimento
  21. Que caso estejamos os dois num refeitório, se levar a ultima taça de baba de camelo a partilhe comigo
  22. Saiba realmente aquilo que procura quando olha para um motor de um automóvel ( eu, não percebo nadinha daquilo para onde estou a olhar e é bem possível que continue assim durante uns tempos )
  23. Que me saiba prestar pronto socorro caso fique engasgado durante uma refeição num restaurante
  24. Que não faça reuniões diárias com as amigas na sala de estar para a escolha de tupperwares e biblôs
  25. Caso goste de calipos de morango, não os abocanhe sem mais nem menos em locais públicos ( é erecção certa junto à concorrência )
  26. Que não tenha momentos Janet Jackson enquanto na praia sai da água após um mergulho ( em casa pode ter os momentos que lhe apetecer )
  27. Que quando estiver em exibição um filme com o Bill Murray seja essa a primeira opção
  28. Pode-se maquilhar desde que não se pareça com o Ronald McDonald
  29. Se gostar de fast food, nunca mas nunca deverá sugerir uma ida ao KFC
  30. Não tenha tatuagens com os nomes dos ex. ou outros tipos ( tipo: "insert here") que possam causar-me algum embaraço enquanto se debruça para apertar as sapatilhas durante o nosso jogging diário
  31. Caso fume, não me apague a beata num dos braços, e não se deixe dormir de cigarro na boca ( não quero ver a casa incendiada )
  32. Já tenha colhido qualquer tipo de fruto directamente de uma árvore e o tenha comido sem o desinfectar primeiro com álcool etílico
  33. Que não faça aquelas cenas de dar nas orelhas de um gajo com gritaria dentro do carro
  34. Que independentemente da nossa idade, mantenha uma higiene oral minimamente aceitável, não quero que me transfira através de um beijo pedaços de carne de porco retidos entre os dentes à mais de 2 dias
  35. Se consumir álcool em excesso que ao menos deixe-me conduzir sem me chamar porco machista e chauvinista
  36. Que não se peide demasiado
  37. Que saiba o meu nome completo e quantos cabelos brancos tenho
  38. Que não se importe de ouvir a minha opinião acerca de roupa para mulher ( é que sou muito fashion wise tipo Carson Kressley )
  39. Que se gostar de karaoke, reserve a prática para os locais mais adequados ( que não se entusiasme demasiado e comece a cantar junto ao modelo XPTO em exposição na primeira montra de loja de electrodomésticos que encontrar pela frente )
  40. Que não compre toda a sua roupa na Sport Zone
  41. Faça exercício físico, mas não ande a galar os outros gajos no ginásio
  42. Também pode fazer outro tipo de exercício, desde que seja para meu proveito
  43. Que não seja viciada em swinging
  44. Que não goste de discriminar, seja racista, xenófoba, ou praticante de judo
  45. Que não ande a esfregar folhas de alface da salada acabada de servir nas paredes da pizzaria
  46. Que goste de usar os meus boxers de vez em quando ( uma mulher de boxers é super sexy )
  47. Se existirem plantas em casa, não as deixe morrer de sede ( o mesmo se aplica aos animais de estimação )
  48. Caso me engane depois do primeiro encontro e afinal seja um homem ( pois já estava tão desgraçado que nem me apercebi ), ao menos levante o tampo da sanita para urinar
  49. Não seja obcecada por cortinados nas janelas e tapetes espalhados pela casa
  50. Que seja o grande amor da minha vida

(dedos grossos, um hamster e o frasco de maionese) #3

... houve um súbito abrir de porta, e a maçaneta acaba quase desfeita contra a parede, aparece de rompante uma mulher vestida de roupão e chinelos de quarto, enquanto desce os degraus até perto da cadeira a rapariga repara na disformidade entre os pulsos e os dedos, completamente entumecidos, enormes e pintados em tons magenta, de braços pendidos notavam-se facilmente, e passo após passo faziam-se notar cada vez mais, ajoelhou-se junto à cadeira e de costas viradas para a janela estaria a retirar uma mala semelhante à de um médico colocada por debaixo da escadaria, sentou-se de mala ao colo e retirou lá de dentro o que se assemelhava a um teclado, mas era um teclado adaptado à sua condição especial, de que outra forma poderia escrever o quer que fosse, carrega num botão no braço direito da cadeira e sai disparada uma máquina de escrever de uma abertura no chão à sua frente, as duas tábuas que permitem a saída transformaram-se formando uma pequena mesa onde a máquina fica colocada, a mulher encaixa o teclado de caracteres bem visíveis na máquina e a pausa efectuada pelos animais aprisionados à tarefa definida acabara, retomaram o seu incessante trabalhar, de cada vez que a mulher dactilografava uma página deixava-a cair para o chão, e então saltavam dos seus buracos na parede vários hamsters armados de diferentes tipos de lupas pequenas com um impensável e exagerado número de graduações disponíveis, faziam o picotado com as pontas metálicas molhadas num frasco de tinta e recortavam os pequenos pedaços que entregariam aos corredores para que esses os transportassem até ao destino, de encontro às restantes resmas presas aos garfos por ali dispostos ...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cerebreia #11

Saltei e todos os ladrilhos saltaram comigo, posicionaram-se todos em meu redor dispostos perpendicularmente ao soalho agora a descoberto, escorria-lhes um liquido amarelo à superfície, a sala ficou cheia até ao tecto, a água entrava pelas condutas de ar, a sola dos meus sapatos descolou-se enquanto humedecida, e o meu corpo absorveu o liquido libertado pelos ladrilhos através dos meus pés, a toxicidade fez com que suasse imenso, o toque salgado misturado com o conteúdo do agora tanque a transbordar provocou uma efeito reverberante nas paredes da sala, deu-se uma implosão e todos os ladrilhos se colaram ao meu corpo, a pele separou-se acabando por se fundir e fiquei totalmente imobilizado, as minhas articulações enrijeceram e os meus olhos completamente bloqueados sem que os pudesse abrir, senti que a pressão no meu corpo se extinguia pouco a pouco, estranho foi ouvir os comentários de todas as pessoas que passavam por ali, por momentos fiquei a pensar que me havia transformado num manequim e estaria colocado na montra de uma loja num centro comercial…

(ensaio n.º 5)

Talvez seja uma incerteza, mas devo continuar, e não sei se consigo retroceder, não sei se deva insistir, refere-se carinhosamente ao nós, mas não é apenas esse "nós" que sinto durante o toque, pretendo um pouco mais, um simples beijo enquanto cumprimento transforma-se num emocionante flutuar, quero poder seguir em frente e segurar-lhe a mão, explicar-lhe o porquê, aguardo o silêncio que consagrará este nosso novo caminho juntos, estarei a olhar demasiado adiante, estarei a condenar esta tão celebrada amizade, fomos descobrindo os nossos padrões enquanto nos cruzávamos intermitentemente, a cada novo relance sempre avistei mais, e acabei por acreditar neste novo encontro, neste despertar do sentir.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A

Advertência: pelo o que me diz respeito, o processo já prescreveu, pelo menos enquanto anoto esta parte, a seguir a esta virgula a decisão final continua a ser vossa, por vezes custa-me a acreditar em como alguém pode simplesmente colocar de parte alguns pormenores, quando era pequeno brincava com outros miúdos na baixa da cidade, junto aos bares daquela zona, numa rua paralela à minha, todos os dias enquanto jogávamos ao apanha ou à bola deparava-nos com situações estranhas, desde tipos completamente knocked out por abuso de álcool, mães de amigos, uma a receber novos clientes de hora a hora, e outra a encantar os homens que pagavam entrada para o bar de alterne da rua, a minha mãe não podia controlar tudo desde casa, e por vezes sucediam eventos estranhos, quando se é criança a viver junto a deslizes já adultos, não se pode esperar demasiado, acho que foi esta a ultima vez que reagi desapropriadamente, brincávamos com aquilo que nos ia parando às mãos, não existiam consolas de jogos, eram só dois canais de televisão, e nunca me diverti tanto desde que me mudei daquela zona, bom, o que fizemos e porque costumávamos andar a fazer pontaria uns aos outros com zarabatanas, eram nódoas negras até não dizer mais, o filho da senhora de serviço que trabalhava no bar sempre foi o indesejado da rua, ela vivia sozinha com o filho bem longe dali, e depois de se separar do marido acabou naquela vida de merda, foi o que arranjou, não sei… o puto, pouco mais novo que todos nós, metido à beça, sempre a interferir no nosso circulo, acabou muito mal essa noite, mesmo… juntámo-nos todos encurralando-o e espancamo-lo com os tubos pvc que arranjámos numa construção de um prédio lá por perto, os utilizados para as zarabatanas, e como se não bastasse urinamos-lhe para cima, três contra um, o que mais posso dizer, fomos todos castigados e o rapaz não nos deu a graça da sua presença por uns tempos, mas tinha que obrigatoriamente lá voltar, andava por lá perdido, sem alguém que trata-se dele, sempre desprezado pelo nosso grupinho…. ficou-me presente, e foi a ultima vez que agredi alguém, e nunca me esqueci, nunca daquilo que nós três lhe fizemos, quando se é criança não pensamos racionalmente, é estranho olhar para trás e tentar compreender essa marca que lhe deixámos.

(Alguns anos depois, descobri que ele, a mãe e a irmã viviam numa zona onde eu costumava andar de skate junto a uma escadaria, reconheceu-me e nem se lembrava de nada, gostei de saber que tudo estava bem com ele, não ficámos amigos para a vida, mas de vez em quando cruzamo-nos e claro que lhe falo sempre, é uma pessoa invulgar, muito interessante e com gostos músicas parecidos aos meus, é bom saber que independentemente do que aconteceu, que está tudo bem…)

CO #2

Um pack the Carltons previamente encetado, procuro e procuro, e não encontro de todo o meu isqueiro preferido, que desagradável… intragável e nociva toda esta ausência é, e o que mais me perturba é o facto de ter que assinala-lo, não, digamos que procuro auxilio de modo a poder respirar novamente, e para tal basta-me o aproximar do filtro de um destes lindos aos meus lábios, e como por milagre, de encontro à cadeira onde estou sentada, perseguem-me, atrapalham-se todos, como crianças… mas ao menos acabo por libertar este meu prazer por estrear, sempre, esta doçura, este sabor de fumo denso que me preenche mesmo que por breves instantes, afasto-os a todos, rejeito os avanços e retenho, aprecio o fluxo perfumado, adoro isto, é o meu cumprimento diário, a satisfação garantida…

Post Completamente Desnecessário!!!

Abuso de confiança é chato, mas quando não se estabelece uma fronteira entre a nossa privacidade e o convívio com estranhos não se pode esperar outra coisa, brincar faz parte, mas baixar a fasquia de propósito e de forma a ultrapassar uma limitação imposta é errado, sei que já o mencionei anteriormente, mas por vezes era bem bom que pudesse-mos retroceder e reeditar o que foi dito, mas é assim que funciona, e de um momento para outro perdem-se as ligações estabelecidas entre amigos, eu bem que me esforço, mas criar novos laços não é assim tão fácil para mim, sou daquelas pessoas que enfia logo o punho fechado dentro do prato de sopa do outro, é logo parvoíce certa, lol. Nunca vos aconteceu? Que vomitassem todo o conteúdo do estômago para cima da outra pessoa durante a tal primeira impressão, enfim, lá me vou aperfeiçoando com o tempo, good for me!, a ver se me deixo dessas tretas, o problema é que depois deixo de escrever no blog, uhmmm… vida real, blog… vida real, blog… ding! ding! ding! = vida real!!! lol, devagarito mas lá se vai andando.

(Ambrósio! Apetece-me escrever algo!)

Retidos?

Acabo muitas vezes por acreditar que este nosso corpo, frágil e de desgaste rápido não coincide com a nossa verdadeira essência, com uma expansibilidade que é bem real e desaproveitada, se me possibilitassem a uma espreitadela à nossa evolução como espécie, nem hesitava por um instante que fosse, mas será mesmo uma progressão natural, ou estaremos condicionados por esses avançados "nós"?

Dark City (1998)


O Nabo? (sou eu!)

Já me acusaram de querer adivinhar o que as mulheres pensam, apenas um completo idiota procuraria tal façanha, é impossível, e não unicamente com as mulheres mas também com "alguns" homens, claro que aquando deixo ao vosso alcance todos estes meus desabafos, permito-vos um traçar daquilo que reside dentro de mim, mas não estou de forma alguma a passar-vos a receita completa, sinto muito, mas essa é a grande verdade, algumas memórias são demasiado pessoais para partilhar convosco, e talvez um dia as entregue a alguém com quem eu me sinta suficientemente confortável, alguém que rasgue esse envelope selado por mim, não acho que o público em geral deva aceder ao meu cofre fechado a sete chaves, somos todos diferentes, percorremos trilhos diferentes mas deparamo-nos com problemas similares, e essa é a melhor forma que acabamos por encontrar para nos identificarmos uns com os outros, basta que se oiça o que a outra pessoa têm para dizer, por palavras, gestos, respirar, linguagem corporal, não interessa….ouvir, tomar atenção!

(E mais uma vez, também eu devo tomar mais atenção aquilo que me é "dito")

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Flics (Comédia)

[Kevin Smith no seu melhor :) é só rir!!!]

Zack and Miri Make a Porno (2008)
Amigos de longa data, Zack e Miri encontram uma solução ideal de forma a resolverem todos os seus problemas de falta de dinheiro, fazem um filme para adultos. À medida que as filmagens avançam os dois acabam por compreender que sentem mais um pelo o outro do que alguma vez se tinham apercebido.

Zack: All male casts? Like "Glengarry Glen Ross", like that?
Brandon: Like "Glen and Gary Suck Ross's Meaty Cock and Drop Their Hairy Nuts in His Eager Mouth".
Zack: [pause] Is that like a sequel?
Brandon: Sort of. It's a reimagining.
Zack: Oh, like "The Wiz".
Brandon: More erotic. And with less women. No women, to be exact.
Zack: I apologize in advance if I am outta line here, but are you in gay porn?
Brandon: [smiles] Guilty as charged.

Classificados: (Adelindo R. Fundo)

Homem dotado de grandeza fisica e mental, possuidor de importantes segredos inter-espaciais, proveniente de família abastada, de grandes préstimos humanitários, com um excepcional recorde como cliente assíduo de todos os prostíbulos na sua zona, fabricante profissional de charruas, registado como agressor sexual em todos o departamentos de consultadoria pelo país afora, tirano e fascista no conforto do seu lar, com vínculos obrigatórios a um pagamento semanal à sua ex-esposa e ex-filhos, voyeur ocasional e embalsamador de animais encontrados à berma da estrada, procura jovem assexuado de oitenta ou mais anos para satisfazer todas as suas dependências fisiológicas, preferencialmente incontinente, amórfico, com problemas de salivação descontrolada e bipolaridade devidamente documentada.

Cerebreia #10

O padrão hipnótico rectangular do meu sofá aconselhou-me a um mergulho de chapa, enquanto trespassava a superfície todos os pêlos ficaram retidos pelos duendes fardados de enfermeiras estilo Betty Page [+], colocavam toda a pelugem em sacos de cânhamo para que mais tarde fossem utilizados na produção limitada de cabeleiras postiças para os rabos dos póneis dos seus pais adoptivos, no outro lado o meu corpo afundou-se numa pequena lagoa cheia de mel com limão aquecido, toda a minha hipoderme despediu-se da massa muscular ecapulindo através dos meus poros e transformou-se numa bola de basketball gordurosa, apareceram os Harlem GlobeTrotters [+] e espantaram-me com todos os truques que alguma vez poderia imaginar, assim que os Milli Vanilli destaparam o ralo no fundo, fui pelo cano abaixo, desci rapidamente, a gelatina azul cyan forrada com marshmallows aplicada no interior ajudou bastante no deslizar, fui parar dentro de um aquário, e um peixe Ryukin de véu de cartola e monóculo revistido a cobre que lá habitava apresentou-me o homem de escafandro que costumava estar presente como figurante durante as filmagens do Cecil B. DeMented [1, 2] , era fã devoto do John Waters [+].

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Eu Opino, Tu Opinas, Ele Opina

Não costumo rever muito os meus textos, mas quando o faço fico sempre com a sensação de que seria outra pessoa a tomar controlo do teclado naquele momento, acabo por me confundir a mim mesmo e fico sem palavras para justificar o que foi escrito, não estou de forma alguma a dizer que aquilo que escrevo é excepcionalmente bom, longe disso, é que sou por vezes demasiado volátil em termos de pensamento, o que até poderia ser bom, mas por grande azar meu funciona melhor a grande distância de todos os outros, lol.

(Gosto de comentários, façam-me esse grande obséquio, comentem as cores ou a possível ausência, as histórias, as distimias, tudo… surpreendam-me com a vossa obscuridade e tempestuosidade, este é um espaço aberto, não se removem comentários, podem insultar mas não demasiado :)

(ensaio n.º 4)

Vejo-te como o meu contorno indivisível, consomes-me e julgas que te observo, tens todas a razão, fazes questão de ascender até ao meu intimo, até à curiosidade que nos persegue, este jardim imenso em que nos deliciamos com esta tão merecida sobremesa, deixas-te levar e consideras cada uma das impressões que cá deixaremos, fascinas-me a um ponto em que me deixo cair por completo nos teus braços, no teu ventre, no teu recompensar generoso.

Transparência

Assumir a liderança de um relacionamento nem é algo que faça sentido, não existe forma de apenas uma das partes envolvidas tomar controlo do moderar, o estabelecer de cedências e retribuições ou é mútuo ou nunca poderá funcionar adequadamente, qualquer tomada sem a devida troca de opiniões resultará em ressentimento e num fasear de silêncios desconfortáveis para ambos, é na exclusão de todas as adversidades durante uma conexão saudável que se poderá basear o tão necessário apoio, compreensão e exclusividade, nunca deverão ser acumulados pequenos detalhes a qualquer instante, mesmo que pareçam insignificantes na altura, tornar-se-ão grotescos e de complicada lide assim que a primeira pedra for lançada, somos nós que criamos os nossos próprios telhados de vidro, e quando arremessamos algo, é-nos devolvido como que um espinho arquivado, a maior violência continua a não ser a física, mas sim aquilo que podemos denominar como dissolução iminente de todos os sincronismos existentes, este movimento a que chamamos amor deverá ser suficientemente condicionado, impedindo assim o escape de possíveis derivações desviantes tais como o ciúme e a desconfiança.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Rasgos (πρόλογος)

De acordo com o ultimo registo, a ferramenta ainda inacabada que servia como junção de outras duas peças teria sido utilizada para efectuar a primeira incisão, como consequência de uma superfície indevidamente polida ficou patente um padrão fácil de se identificar, os cortes seguiam numa única direcção, à medida que foi introduzido no seu torso, o sujeito B terá se deixado defecar. Joice, a novata que me fora atribuída (pelo supervisor mais filho da mãe que alguma vez tive) contra vontade à menos de duas semanas é que acabou por reparar nesse pequeno pormenor antes que me viesse o cheiro, segundo o médico legista no local os cadáveres permaneceram cá desde o primeiro fim de semana deste mês, e as janelas quebradas durante o ataque que agora sabemos que havia sido planeado com meses de antecedência, permitiram a que alguns animais abandonados entrassem e rasgassem pequenos pedaços de carne do antebraço do individuo A, o esforço dedicado por parte do terceiro fez com que se evidencia-se uma grande porção de sangue coagulado junto à parte de fora das suas coxas, mesmo por cima dos joelhos, o marido de uma das vitimas, supostamente de férias (ainda por confirmar), assim que colocou a chave na porta e tragou um pouco do ainda estagnado cheiro insuportável, acabou por vomitar sobre os restos de espelho partido no hall de entrada de casa (com abertura directa para a sala de estar no lado esquerdo), todas as impressões digitais ficaram irremediavelmente perdidas, ficámos a saber mais tarde que cinco dos bocados foram utilizados para os cortes aplicados no sujeito B, a traqueia foi parcialmente removida e terá sido colocado um cone feito artesanalmente com o que restava de um dos candeeiros, recorreram a um agrafador agora caído por detrás do sofá para fixar temporariamente o molde afunilado ao que restava da pele por cobrir de sangue no seu pescoço, foi-lhe despejado directamente no que restava da traqueia uma mistura de água com sal gema e ácido clorídrico, também sabemos que um dos transgressores terá ficado com graves queimaduras nas mãos pois foi encontrada uma das luvas utilizadas no chão da cozinha, estava completamente derretida na parte do indicador + polegar...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Krap Nek

Impróprio para consumo, imaginem um reclame luminoso bem visível mesmo por cima do nariz, e um aproximar seria bem mais fácil, ou então uma rotatividade da tal lista dos cinquenta requisitos por preencher que nos permitisse a entrada directa para a segunda fase de selecção, o embaraço em que se encontraria um homem caso lhe aparecesse “not dependable” cravado na testa, afugentava-as a todas, beneficiaríamos todos se tal ocorresse, “fuck buddy” ou “sport fuck”, e estariam também lá presentes todos os outros indesejáveis tais como “condom saboteur”, “sex & suffocation” e os “wife beater”, taxa de sucesso 99,9%…

Ken Park (2002)

(ps: maus tratos a animais, não!!!)

0 -> 5 / 1st B




Bauhaus - In The Flat Field


Einstürzende Neubauten - HeadCleaner


Nine Inch Nails - March Of The Pigs


Godflesh - Crush My Soul


Nine Inch Nails - Love Is Not Enough


Jesu - Dead Eyes

sábado, 3 de janeiro de 2009

(26*)

There is no way to know how this thing will end up,
But I assure you that some of us believe this is possible,
That certain changes do matter!
And if you can put apart all the lacking,
All the fears and doubting,
It takes only a little patience to drive into this,
To explore all our unestablished sightings,
And to begin this role as leading performers

Wonder not,
Cause this will take some time,

All the trading up to now,
Had me build new expectations,
I began to appreciate all that you have returned,
Waiting for your signaling,
Waiting for your awakening

Wonder not,
Cause we'll know how,
Cause we'll know how

Implantes

Estou para aqui a coçar as raízes destes conjuntos, estive demasiado tempo a comemorar o nada, a ausência de controlo provoca-me comichão nas pontas dos dedos, a irrigação não é suficiente e a carne acaba por desfalecer um bocado, rasgo umas feridas com o auxilio das unhas, sujas e cheias de manchas brancas, a pele retraída quase as deixa cair, não existe salvação possível para esta instabilidade, a mudança ainda por evoluir desconsidera-me, embaraça-me, controla-me, não sei em quem acreditar, não vos devo nada, mas dou-vos o meu coração e o meu pensamento e aviso-vos do seu esmorecimento, sinto as veias sobressaídas, apetece-me morder-lhes e deixá-las verter sangue, até me sentir completamente esvaziado desta infelicidade, se ao menos pudesse filtrar, se conseguisse evitar que o que tenho de valor desaparecesse, todo este ritual seria justificado, sei que acabará por voar em breve, mas fica mais uma vez demonstrado que esta é mais uma das estúpidas disformidades que insiste em regressar, e eventualmente termina, mas sou eu que continuo a escolher o repetir deste ciclo de deficiente aprendizagem, é a minha morte e reacendimento, é a minha amante despercebida, a minha amizade influenciável, o meu desgosto perverso e a minha perda absoluta.



Someone take these dreams away,
That point me to another day,
A duel of personalities,
That stretch all true realities.

That keep calling me,
They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me.

Where figures from the past stand tall,
And mocking voices ring the halls.
Imperialistic house of prayer,
Conquistadors who took their share.
That keep calling me,
They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me.

Calling me, calling me, calling me, calling me.

They keep calling me,
Keep on calling me,
They keep calling me,
They keep calling me.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

(ensaio n.º 3)

Aguardo ansiosamente o seu despertar, faço punho e estico a pele da palma da outra mão, formo um pequeno vazio entre os dedos, e o sopro que o atravessa é consumido de imediato pelo frio fora deste resguardo, por vezes não me reconheço e tento compreender o porquê, não é intencional da parte dela eu sei, mas enquanto me faz esperar, mal me consigo conter, o recolher de pálpebras compassado revela por fim aqueles maravilhosos portais, o espelhar que reflecte todo o meu desejo, desprende os seus lábios dizendo “o que foi”, liberta aquele magnifico sorriso cativo, e eu digo-lhe “amo-te”.

Parceria

Os restos desta estupidez a que chamam amor, lixaram-me bem, deixaram-me abandonado na casa de banho de um bar qualquer, completamente inconsciente enquanto os salpicos de mijo se misturavam no meu cabelo, mas foi bom, adorei, sempre é melhor que os wc’s dos festivais em que os filhos de uma vaca dos punks cagam as tampas das sanitas, umas poitas bem dedicadas, vê-se que se esmeraram os cães, e dormir, pois, tentar digo eu, já que mais uma vez me expulsaram ao final de algum tempo, parece que alguém se queixou que estaria a olhar para dentro das suas calças, bom, sentem-se perturbados e devem mesmo sentir alguma preocupação, não comigo mas com eles próprios, grandessíssimos porcos, também não saí do estabelecimento sem antes perturbar as flores de estufa ao derrubar alguns copos para cima dos cocós daqueles palhaços logo à entrada, bahaha, era vê-los a limpar a cervejola dos casaquinhos, e eu a fingir que estaria derreado, podre de fígado e de pernas, felizmente os donos reagiram bem melhor que eu esperaria, apoiado lá me orientaram para o caminho certo, sugeri aos braços um movimento pendular para que me aproxima-se de casa, mas falharam-me a ordem e acabei deitado nos degraus de uma lojinha de instrumentos musicais na avenida, quem olhasse para os meus olhos, translúcidos e desnutridos, pensaria que estava de malas aviadas, estou acordado meus Albertos, não me consigo erguer mas estou aqui, pronto para outra.

2 Deméritos

Compenetrada, fascinada pelo folhear, pelas passagens rápidas, pelo atrapalhar dos dedos enquanto emocionada, o entreter dos lençóis de linho, o estímulo e agitação contida, crescente, levada mais além assim que devolve o livro à mesa de cabeceira, desliga o candeeiro, escorrega de cabeça encostada ao travesseiro e imagina como seria, sempre de encontro a esta solidão indesejada, a sua curiosidade o permite, o seu corpo devolve-lhe a atenção necessária, e acaba por despertar mais uma vez, sem que se sinta preenchida, abandonada e desiludida com toda a sua existência…

What’s In Your Burger? (Fast Food Nation)



[ In California, the VP of Marketing of the Mickey's Fast Food Don Anderson is responsible for the hamburger "Big One", the number one in selling in Mickey's chain of fast food restaurants. When an independent research in the meat patties produced in Cody, Colorado, indicates the presence of cow manure, Don is sent to the facility to investigate possible irregularities in the meatpacking production plant and also the major supplier of kettle. Along his surveys, Don finds the truth about the process and how meat is contaminated. Meanwhile, a group of illegal Mexican immigrants arrive in Cody to work in the dirty jobs in the plant while a group of activists plot how to expose the terrible situation of the Mickey's industry. ] [+]

[ “Fast Food Nation” boasts a stellar cast from Patricia Arquette and Greg Kinnear to Bruce Willis, and others. The film not only makes a statement about the fast food industry; it also goes into the issue of U.S. exploitation of undocumented immigrants. ] [+]

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Cerebreia #8

Senti as pernas frias, quando olhei não estavam lá, ficaram presas nos dois degraus atrás de mim, de um momento para o outro a escadaria transformou-se numa rampa e deslizei para dentro de um forno, também esse estaria coberto de gelo no seu interior, retirei da minha mochila donald duck os itens necessários para uma escalada e passei alguns instantes a tentar perceber como poderia sair lá de dentro, fui resgatado por uma açorda, não pelas fatias de pão embebidas mas pelos dois ovos escalfados, acompanharam-me até ao circo para me enfiarem num canhão, fui lançado em direcção a um cardume de barracudas, dançámos a noite toda ao som do “D.A.N.C.E.” dos Justice, uau!!!