quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

(dedos grossos, um hamster e o frasco de maionese) #2

… suspensa pelo vestido preso ao corrimão de entrada, enquanto olhava através da janela reparou em algo que nem num dos seus sonhos mais profundos teria imaginado, a correria era tal, não pôde compreender como funcionava todo aquele mecanismo, apenas conseguia observar um ou dois hamsters que se moviam rapidamente através de uns corredores por entre séries de garfos cravados no chão, todo o conjunto inclinado não a noventa graus mas a cerca de sessenta no sentido oposto ao da caldeira, cada qual com um cordel de fio ligado que percorria o piso até uma cadeira colocada junto aos degraus para o rés do chão, todas as pontas estavam atadas aos apoios de braços, em cada garfo estavam dispostas o que pareciam ser resmas de papel mas de dimensões reduzidas, quando um dos hamsters se aproximou da janela ela achou-lhes ainda mais piada pois reparou que tinham à cintura um cinto carregado de pontas metálicas de diferentes tipos de abertura, como as utilizadas naquelas canetas antes de aparecerem as de tinta permanente, e cada vez que percorriam aquilo que mais parecia um labirinto até junto do garfo em que trabalhavam em cada um dos percursos tratados individualmente, anotavam qualquer coisa em cada uma das pequenas folhas que colocavam junto às restantes, subitamente toda aquela actividade cessou, como se receassem algo, escapuliram-se todos para uns buracos nas paredes, atenção virada para a cadeira …

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