sexta-feira, 29 de maio de 2009

21 30 26 5 09 C 6

Diversidade e experimentação é algo que me agrada profundamente, prefiro ideias apresentadas através de um formato sonoro, não necessariamente estruturado ou de acordo com padrões rítmicos recriados, as sobreposições e tempos incertos funcionam como percursor para o estimulo dos meus canais auditivos, ligação directa submetida ao meu centro de prazer do cérebro, talvez seja por isso que todo o meu corpo reverbera quando se dá conta dos espectros que se propagam através deste vasto oceano que respiramos, o género musical não é importante nem mesmo a combinação certa de palavras, a musicalidade funciona como uma linguagem distinta de todas as outras, é um composto criado com os seguintes ingredientes: texturas, padrões que fogem à norma, sincronismos e delicias sentidas nas expressões corporais de cada elemento , instrumentos e músicos que os envergam.

Compreendo perfeitamente a razão para que alguém sintonize letras conforme o seu apetite, eu costumo preferir os arrepios causados, os suspiros desgostosos e o amor revirado, o despoletar apaixonado e as sequências de silêncios infundadas, sigo o meu olfacto e opto pelo "todos" quando investigam ou questionam-me acerca da minha pilha discográfica, costumo avisar aquando da chegada de novas adendas.

Contra natura e de acérrima digestão seria tudo isto caso contrariasse a estrutura frágil e sequiosa que vou assumindo.

Vertigo Quintet & Dorota Barová: Piano, Violoncelo, Contrabaixo, Saxofone/Clarinete, Trompete e Bateria. (surpreendente)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

21 30 23 5 09 H19

O convite foi-me reservado sem que o soubesse, esteve no próprio dia do espectáculo a aguardar pela minha demora, graças à indisposição de um completo desconhecido pude desfrutar de um ingresso quase que encetado, soube do dia com antecedência mas estive indeciso entre o ir e o ficar de pés fora do teatro, assim que soube da passagem desse elenco maravilhoso pela minha vizinhança fui acumulando um certo entusiasmo, por instantes demovido pelo assalto de um cartaz de SOLD-OUT, de que a plateia estaria ocupada até rebentar pelas costuras, a minha não presença seria tratada como um lapso imperdoável, como se me estivessem a cobrar pelo desenraizar de um velho costume, quando me disseram na bilheteira que seria o ultimo lugar disponível, apoderou-se de mim o concluir de um prensar de lábios que havia iniciado à dias atrás, apresentaram-se-me os filhos da vila e respectivos apetites de uns pelos outros, o cantante sem rumo e a sua noiva endiabrada, o despejar das cinzas pelo derradeiro oportunista que manipulava a todo o custo o futuro de um genro que mais tarde talvez lhe calçasse os sapatos, praguejaram-se e rogaram-se desentendimentos através do olhar fulminante de uma mulher vestida de negro que em tempos conseguira amar incondicionalmente, maltratada e afugentada do seu lar, expedida sem retorno em direcção à penumbra do existir lúgubre do esmorecimento doloroso, gritou o ódio e o rancor que a consumiram por completo, desembainhou as migalhas do seu presente envenenado e contemplou cada lágrima vertida de um outrora sambista orgulhoso, desmaiada sobre as sementes que a adoravam, envolta pelo traje de um falso rei sentado no seu novo trono…

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

[sparrow]

[ Era uma vez um pardal cansado da vida. Um dia, resolveu sair voando pelo mundo em busca de aventura. Voou, voou, até chegar a uma região extremamente fria. E como o frio era intenso suas asas foram ficando congeladas até não poder mais voar - e caiu na neve. Uma vaca, vendo o pobre pardal naquela situação, resolveu ajudá-lo e, para aquecê-lo, cagou-lhe em cima. O pardal, ao sentir-se aquecido e confortável, começou a cantar. Um gato ouviu o seu canto, foi até lá, retirou-o da merda, brincou com ele e o comeu. ]
  1. Nem sempre aquele que caga em cima de você é seu inimigo
  2. Nem sempre quem tira você da merda e lhe sorri é seu amigo
  3. Desde que você se sinta quente e confortável, mesmo que esteja na merda, mantenha o bico calado.
( retirado do site http://www.fabulasecontos.com.br, [ + ] )

terça-feira, 19 de maio de 2009

ASCII Derelict


Ao silêncio inadvertido e às pequenas frases que transportamos connosco, sentenças adiadas...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

21 30 16 05 M 10

Gostei do sapateado de um dos "arrumadores" enquanto descia até junto de um individuo que tentava capturar parte das sonoridades bafejadas pelo metal, madeira e xilofones enfurecidos (juro que um deles tinha orelhas pontiagudas e os dentes limados para melhor rasgar carne), munido de câmara fotográfica, tripé e sabe-se lá o que mais, preparado para levar uns bons momentos consigo e atordoar quase todos os elementos da orquestra com a ajuda do seu flash irritante.

A senhora que insistia em rodar a cabeça para trás como se de um castigo se tratasse, estaria a olhar para o troféu mais novo do seu ex ou algo parecido.

Bocejos ininterruptos de um tipo duas filas abaixo, merecia uma frigideirada na careca para aprender de uma vez por todas que a mão direita costuma ser utilizada para tapar a bocarra, parece que o filho não segue as pisadas do pai.

O maestro que chegava atrasado e pulava de tudo o que era abertura para o palco, exigia quase sempre os tais aplausos de pé aos quais resisti obrigando-me a permanecer sentado enquanto olhava para os rabos das espectadoras que assistiam à minha frente, as senhoras limitavam-se a apreciar e a comentar entre si a destreza da batuta do senhor e o movimento de ancas que continuaria a demonstrar até ao final, trecho após trecho, tal era a absorção e entusiasmo.

Um pianista que tenho aprendido, impedido de dar o seu pezinho de dança, suportado por muletas que nada lhe serviram após o exercício estimulante que nos proporcionou, o aquecimento de coração terá servido na cura milagrosa.

A violinista que se destacava facilmente dos restantes amorfos (a postura adequada e contenção emocional parecem ser importantíssimos, a linguagem corporal transportada e emitida unicamente através dos dedos que pareciam sobre-humanos e de aprumo desconcertante, seria o único indicador de prazer obtido), de instrumento encostado ao peito no inicio da segunda parte, brincava com os colegas que dificilmente suportavam o som profundo dos contrabaixos, colocou o arco de parte e dedilhava umas sonoridades interessantes enquanto afastava o olhar do seu colega que parecia sofrer de um tique nervoso pois fazia movimentos estranhos e repetitivos de pescoço.

O único violoncelista arrebatado pelos arranjos súbitos mas subtis, pela ferocidade orquestrada de quem dirigia tudo aquilo, as pausas causavam-lhe algum desconforto, dava a entender de braço estendido que as mesmas não lhe serviam, que gostaria de prosseguir mesmo que não fosse aquele o momento mais adequado para poder recomeçar.

Eu? Adorei assistir às composições costuradas, desfeitas e recompostas sempre a tempo, juntei-me aos que verdadeiramente estariam a apreciar e aplaudi mesmo nos momentos errados, o único senão foi ter falhado a tentativa de manter as pálpebras abertas durante o tempo todo, ainda perdi uns milionésimos de segundo de luz reflectida na superfície vibrante de cada instrumento.

domingo, 17 de maio de 2009

sremrofrep n etirovaf


I never meant for you to get hurt,
And how I tried,
Oh how I tried.

I could never give you just what you deserved,
Another man, would surely learn.

I know these words, they only serve to twist the knife,
but I will try, to make them heard.
Maybe it's better now I've gone away,
Maybe it's not,
Oh who can say.

And though it's hard, for me to say,
I know you're better off this way.
And when I told her I didn't love her anymore,
She cried.
And when I told her, her kisses were not like before,
She cried.
And when I told her another girl had caught my eye,
She cried.
And I kissed her, with a kiss that could only mean goodbye.

And though it's hard, for me to say,
Maybe you're better off this way.
And though it's hard, for me to say,
I know you're better off this way.

Get away,
Get away,
...

sábado, 16 de maio de 2009

dupl-cl

Adjectivo despejado pelos "outros", descrição concisa, corriqueira até meter nojo: simpático!

Alimentas-te por entre escombros, deitaste tudo a perder, conseguiste o desvincular dos méritos atribuídos àquilo que partilhámos, escorracei-te, afastei-te deste meu abraço sentido, forcei-te para que cedesses o teu lugar no púlpito, quero que outro "qualquer" o ocupe, esqueceste-te que o ultimo fôlego continua apenas ao meu alcance, e digo-te mais…não deves, não tentes encobrir os erros que cometeste através das tuas frases feitas, dessas emoções rebuscadas que projectas, adulteradas conforme as respostas que te vou dando enquanto omites a tua verdadeira essência, estarás apenas a recriar outro cenário impraticável, rejeitarei as tuas novas abordagens e pronuncias de desconsideração que anteriormente me aplicavas, verteste todas as tuas regras pretendidas e ideais de uma só vez, ajudaste-me a cortar as amarras que tanto insistiam em permanecer, obrigado...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

11p-2lb

Gargarejo com guaraná acabando por tossir a chávena de café inteira que respirara acidentalmente, sem salvaguardas, sem vivalma por perto e o desespero grita bem forte, calhou-me o recipiente certo desta vez, foi uma sorte dos diabos pois enquanto revirava os olhos derrubando tudo o que estava espalhado por cima da secretaria não agarrei primeiro a lata de café cheia de clipes e pionés, sem sobras de oxigénio e de narinas tapadas graças à gripe que tanto insiste em manter-se alojada, dou por mim a visualizar acontecimentos passados, era o intérprete gago e o delegado que se deixava urinar, o idoso quase que desmaiado que permanecia encostado ao pilar junto à porta da arrecadação, sempre munido do seu amparo, com o dobro da sua idade e carregado de bichos da madeira, também me lembro do tipo das sanduíches que coçava o nariz vezes sem conta enquanto se babava para cima de cada par de seios que avistava, foi no dia em que chegaram os estagiários, os penduras de longa data questionavam-se entre si acerca de qual deles assumiria a liderança durante o castigo desde ano, não seria este novo lote o primeiro a escapar, a idiotice consistia no agrafar de memorandos uns nos outros até que não restasse um único pedaço de tecido nos seus fatos, o que terminasse primeiro receberia como gratificação um mês inteiro de distribuição de café acabado de fazer por todo o departamento…são estes os momentos para os quais me aguento, resgato o gosto pela vida mas não vejo nada à minha frente, afortunado…muito, continuo desfalecido ou tenho direito a continuação?

(accessibility)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

multiple layers of glass

Pressupõe-se que a opinião partilhada entre muitos seja suficiente para estabelecer "A" verdade, é assim que funciona na maior parte das vezes, não é no entanto estranho que se voltem a reunir as partes e que se façam contabilizações cíclicas de votos para que sejam determinadas novas leis a aprovar, validar e aplicar, temos exemplos por todos os lados, desde a exclusão no mercado de alguns sub-produtos que não obedecem a determinados critérios, à criação de grupos de indivíduos que respeitam listas de regras adequadas a um qualquer objectivo considerado correcto naquele momento...

Partindo dos exemplos anteriores, os blogs que escrevemos são: Por vezes desacelerados, repetitivos ou em sonso, existem os de mainstream e os outcasts, os de mainstream aprendem os truques desde cedo, praticam as suas cábulas e fixam-se na mesma receita diária, abastecem o ego e alimentam o povo, não vejo isso como problema pois para além de podermos aprender com as vivências dos outros (e por incrível que pareça existem sempre pessoas com vidas mais interessantes que as nossas), sentimo-nos quase que forçados a darmos andança à nossa própria existência, vamos tomando um gostinho especial pelos exemplos dos big brothers mais populares e acreditamos também ter direito à nossa própria dose de imediatismo, depois existem os outcasts, as estranhices que fogem à norma e pendem em direcção contrária à do vento, transcrevem os seus pensamentos mesmo que não ganhem significado algum nas mãos dos seus leitores, sem explicações ou alterações a gosto do freguês, sem timetables ou represálias por parte dos comentadores, digamos que sem invejosos presentes :), são poucos mas bons, e são estes que escrevem os textos mais belos, trajam-se a eles próprios, são os alfaiates, os artesãos que cumprem unicamente a necessidade de continuarem porque querem, eu cá sento-me no sofá dos segundos, mas com as pernas de fora, não vá surgir oportunidade de me tornar conhecido internacionalmente :), o que quero dizer com tudo isto é que por vezes nos esforçamos tanto tanto, e acabamos encarcerados na rotina que nos é desenhada pelos outros, somos de fácil inserção em certos tipos de grupos, existe individualismo mas somos tendencialmente muito parecidos, diria mesmo: sincronizados...

(test tubes)

terça-feira, 5 de maio de 2009

thin fold of skin

Utilizo metade de uma lâmina de barbear embebida em esmalte preto para conseguir o efeito desejado sobre o papel, até costumo misturar um pouco de diluente sintético para que seque rapidamente, nem tenho a paciência nem a lentidão necessária para esperar o virar de cada página, uso argolas de metal para unir toda esta magnificência, estas novas especificações que definem a nova instituição que surgirá, é o meu préstimo à humanidade, acabou-se o estigma do "Ser" caótico e visceral, a partir deste momento irei seleccionar todas frequências negativas para depois as excluir definitivamente da composição dos genes humanos, sem direito a rei ou rainha que execute como bem entender as sobras, os excrementos que escapam enquanto trato de eliminar os infectados, os que se rebelam contra os seus mestres, blink…blink e a lista de ordens a proferir envolve-me as mãos, separa-se e afinca-se-me bem fundo na carne, é aí que oiço uma voz de background: "tens que ir buscar o carro às 16h:30!!!!"

(bye ;)

B1 field (fubar)

(Acerca do movimento elíptico desferido pelo garfo preso entre dedos da mão esquerda)

À primeira vista parece deslocar-se em direcção à boca, contava com que fosse assim, mas falha-me a pontaria vezes sem conta, não creio que sejam espasmos ou desvios temporários causados involuntariamente, mas também não sou eu que controlo a trajectória, de todo, aliás…não faço ideia se nalguma das vezes chegará ao destino pretendido, percorro a sala cabisbaixo e sinto que todos fixam o seu olhar nestas torções e escapadelas dadas pelos músculos do meu braço, enervo-me cada vez mais e quase que mastigo mais aço que arroz, as risadas escondidas por debaixo das bocas cerradas sufocam-me até que se tornam infinitamente insuportáveis, chega!!!!, estou prestes a arremessar o prato contra a parede, o meu sangue concentra-se todo em torno das bochechas, pareço ter dois stops luminosos em cada lado da cara! É agora que me vejo obrigado a fugir dali, sem duvida! Logo compro qualquer coisa para comer quando puder, se ao menos descobrisse um modo para que nem notassem a minha saída!!! Uma forma bem dissimulada para quebrar o alarme para incêndios!!! Uma simulação eficaz e afugentava toda a vizinhança com a ajuda dos aspersores, os colarinhos brancos piravam-se num fechar de olhos...

(depth of field)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

selfishness by design

Preparada a estatueta, acabadinha de polir, esfrego-a na parte de dentro do braço esquerdo, resplandece como nunca, brilha que se farta… ganhei o dia com este trabalho, de respiração a pique, faz-se notar a dificuldade que tenho em engolir, congratulo-me a mim mesmo, agradeço-me pela tarefa completada com a maior das delicadezas, faço-o com a menor humildade que me é possível, entorpeço os sentidos com mais um copo de tinto, até ficar com a visão tremelica… é para esquecer, mais duas horas e deito-me no sofá a ver talkshows, até que me derretam os dois bolbos com as tretas que vão surgindo no ecrã, até adormecia…mas não me compete a mim tomar essa decisão, são os malditos neons do bar de strippers no rés do chão da pensão de zero estrelas mesmo em frente ao meu apartamento, só com a chegada do camião que faz a recolha dos contentores de lixo é que consigo descansar um pouco, só me resta embrulhar um pouco de gelado com caramelo liquido e deixar derreter os torrões de açúcar caramelizado na ponta da língua, isso enquanto embarco em nova aventura através dos milagreiros rios de tequilaaaaaaaaaaaa….

(bright red)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

2B

Não compreendo como te é possível escrever sobre tudo o que se passou com tamanha inconsideração, diz-me que foi o teu coração que parou momentaneamente, e que foi o teu sangue tingido de negro que salpicou a ultima carta que me enviaste, custa-me a acreditar que te tenhas libertado tão facilmente dos sentimentos que nos alimentaram os dias enquanto estivemos juntos, quando tudo parecia estar certo e as horas nos eram servidas bem devagar, uma única folha? Uma única linha? Esse é a tua resposta? Julguei ter encontrado alguém com quem partilhar tudo, e afinal tratou-se de uma brincadeira planeada com antecedência, preparaste tudo isto desde o inicio? Como foste capaz? Acabarás bem melhor que eu certamente? É esta a verdade que te convêm? Quando te conseguirás sentir na pele de alguém como eu? Já que insistes tanto na análise pormenorizada de cada pequena reacção ao teu toque... És fria nas palavras que usas, contida nos gestos e acabas por magoar os outros irreflectidamente! Estás indubitavelmente preparada com esse teu género de amor fabricado, esse mesmo!!! O que tão afeiçoadamente tens aprimorado ao longo deste tempo todo, aquele que eu te ajudei a aperfeiçoar? Quero que lhe tomes o gosto amargo! Tantas vezes quanto o número de vidas que me roubaste...