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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Xenon Headlights

Num acto de desespero atinge-me na perna utilizando a porta do carro semiaberta como arma de arremesso, enquanto lhe estico as malhas do sobretudo atiro o meu telemóvel em direcção aos pedais, escapou-se-me a tentativa de dissuasão, obriga-me num estalo a confrontar os motivos pelos quais nos deixámos envolver nesta disputa, insulta-me bafejando todas as pragas possíveis até que alcança a autoestrada, trepa os separadores e move-se intrépida por entre faróis que se despistam entrosados uns nos outros, tropeço mas sigo-a tosco no andar assim que recupero, ergo-me manchando os pulmões ao respirar a poeira levantada no ar, avisto-a histérica enquanto pragueja sofregamente de rosto rorschach, não entendo o que diz mas consigo ler-lhe um “foda-se, deixa-me!” na sua boca, os buzinões orquestrados preparam-nos este duelo premente, atira-me a bolsa aos tomates e sucumbo apoiando-me de mãos estendidas no asfalto, a dor intensa suspende-me a respiração obrigando-me a compensar enquanto faço balão de boca, mantenho-me imóvel tendo que aguentar o seu pulso rígido marcar-me o ombro repetidamente, rasgando-o com o trinco metálico da bracelete do relógio, oferta minha após a morte do seu pai, leia-se a inscrição cliché na parte de trás “crescemos entrelaçados como cerejeiras, crescemos abotoados pelo destino, adornados de doce amor”, faço-me propenso e oiço-a desperto enquanto sacoleja as seguintes palavras “deixei-me desvanecer no significado oco das tuas palavras, afastaste-me da minha irmã, não quero, continuas a mentir, eu sei que sim”, acaba pontapeando-me e eu tento atenuar esta imposição afastando-me para os lados, esgotada e ofegante, derreada de tanto recolher o seu cabelo para trás, observa-me como se lá não estivesse mas repara que descoso o meu bloco de notas de dentro do casaco, desfolho-o e revelo-lhe um talão da loja de lingerie que fica situada a cerca de dois blocos da nossa casa, justifico-me dizendo-lhe o seguinte “por favor, tenta compreender que os meus motivos para te ocultar tudo isto foram apenas o resultado por não ter conseguido reserva a tempo na estância turística, quis combinar com uma das empregadas que fazem a limpeza dos quartos afim de deixar o conjunto disposto sobre a cama, teria gostado imenso que o vestisses para mim”, de imprevisto agarra-me pelos braços abocanha-me a língua e solta-me de seguida, olha para mim, fecha as pálpebras enquanto sorri descontroladamente, tatuado a tinta correctora leio-lhe no olho esquerdo “fail!” e no seguinte “lol :b”.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Partnership

Deixei-o escolher: “o punho ou a carteira?”, claro que optou pela porta numero dois, sem saber o que esperar fez pose avançando de nariz no ar, todo emproado, quando sentiu o primeiro impacto deixou-se cair de joelhos sobre os cacos de vidro espalhados pelo chão, mordeu a língua durante algum tempo para se esquecer do golpe que acabara de sofrer, a pele descolou deixando bem visível a segunda camada de rosto, foi quase que baleado, o derradeiro estrondo que seguiu a martelada dada pelo meu braço deixou-o de rastos, os seus olhos reviravam pálidos de dor intensificada pelo frio, o recheio da carteira para ali despejado, rolavam moedinhas em todas as direcções, terminaria o conflito iniciado chorando como uma criança, posicionou-se de barriga acomodada ao asfalto, acabou agarrando-se firmemente aos meus pés...

domingo, 19 de abril de 2009

t-* (flex)

Construí um aparelhómetro e respectivo user interface por software para que o pudesse utilizar através de um computador, com a finalidade de poder registar a intensidade e frequência dos meus "vivid dreams", também me aconselharam a utilizar um bloco de notas para que ficassem registados todos os meus sonhos, faltava-me ter alguém por perto a que pudesse recorrer para que fossem elaborados esboços de cada um dos rostos que consigo descrever ao pormenor após cada despertar, alguns são quase impossíveis de interpretar, não consigo separar cada uma das partes como quando estou de frente para uma pessoa, está tudo unido como se fosse apenas uma única cor, como se os olhos, o nariz e tudo o resto fossem o todo, traçados da mesma substância base, e os diálogos são a componente mais estranha, usualmente prolongam-se até que fico inevitavelmente esgotado, acabo por subitamente ressaltar da cama, suado e extremamente agitado, é desconcertante, por vezes com os braços ou pernas meio dormentes...

sexta-feira, 10 de abril de 2009

1.5L

Continuou para ali sentado, observava de perto o acidente, a correria dos enfermeiros que socorriam cada vítima enquanto gritavam desalmadamente "Deixaste-o lá? Era mesmo ele?", intermitente, ora tapava o rosto, ora chorava fogo rejeitando qualquer tipo de consolo por parte das outras pessoas que habitavam o mesmo prédio (o que mais se poderia esperar de alguém que não pôde salvar a própria filha)… E aquele maldito idiota da mercearia que não fechava as portas, só para poder continuar a vender águas pequenas àqueles coitados, mal caminhavam, mas para ele não chegou a ser tarefa árdua…roubava-lhes as carteiras, e dizia-lhes que seriam os agentes da policia a exigirem que o fizesse…

quarta-feira, 4 de março de 2009

(des)encontros

As folhas nas copas das árvores deitam-se sobre as suas irmãs, alimentadas pelos cortinados de luz que trespassam cada nuvem afugentada pelo vento que geme incessantemente, saboreio o seu corpo aquecido, faço-lhe sombra pois quero seguir o seu olhar de perto, sem que descanse as pálpebras por causa do sol, a cada novo toque conto-lhe uma história nossa, como daquela vez que a encontrei a chorar na paragem de autocarro, chovia a potes e ela desesperada sem saber como me encarar, explicou-me que teve um caso enquanto o nosso filhote estava doente no hospital, apertei-a atenciosamente de encontro ao meu peito pois também ela me havia perdoado após o meu ultimo deslize...

Indisposto

Indisposto, com um crescente vazio no estômago, é este borbulhar ácido que me reduz o apetite, manchas brancas espalhadas pelo corpo, o suor debaixo dos braços revelado a cada novo caixote cheio de dossiers usados que coloco nas prateleiras de cima, cada viagem neste escadote improvisado e riem-se das minhas peúgas que não fazem par, hoje de manhã levantei-me meio comatoso, acabei por deambular pelos corredores do hotel, besuntei as maçanetas das portas dos quartos com uma tshirt que ia molhando num recipiente cheio de detergente e vaselina que sobrou após uma sessão auxiliada pela primeira revista para gajos que encontrei no wc, cheia de female standardization wannabe’s, tábuas rasas bulímicas invejadas sabe-se lá porquê, enfim... só sei que a brincadeira valeu a pena, ok ok, era uma piada meio imbecil, mas observar a rapariga que abastece cada quarto com toalhas novas enquanto tentava perceber o porquê do meu sorriso estúpido por detrás do jornal do dia anterior, fez com que alimentasse ainda mais este meu brilhozinho nos olhos para o resto do dia. A explicação para as cores trocadas, fiquei fechado fora do quarto e tive a brilhante ideia de deslizar do telhado para a varanda do meu apartamento, quando subi a escadaria a porta do terraço fechou-se atrás de mim subitamente, acabei por rasgar a porcaria de uma peúga num prego que parecia estar à minha espera, como se não bastasse, acabou encharcada de sangue entornado pelo meu pé direito, corte de lado a lado, um tom avermelhado seco que enrijecia o algodão e causava-me um desconforto horrível a cada passo dado, a ferida aprofundava-se e o suor ardia-me na carne, engraçado mesmo foi ser apalpado pela cinquentona do apartamento do lado enquanto me balançava a fazer pontaria para que não caisse lá para baixo, acho que ela não encontrava o joguete dentro dos calções do marido, o gajo desatou a rir enquanto estava para ali a fumar um cigarro e a molhar o bigode na espuma de cerveja que acompanhava uns fantásticos appetizers, tipo micro torradas cobertas de camarão esfregado com maionese, salpicados com salsa, pimenta preta e milho picado, yummy…consegui entrar, telefonei para o serviço de quartos e esqueci-me por alguns instantes que mais uma vez entraria tarde para a ##rda de emprego que me arranjaram…

(aiiiii! doi-me quando me sento)

sábado, 10 de janeiro de 2009

(dedos grossos, um hamster e o frasco de maionese) #3

... houve um súbito abrir de porta, e a maçaneta acaba quase desfeita contra a parede, aparece de rompante uma mulher vestida de roupão e chinelos de quarto, enquanto desce os degraus até perto da cadeira a rapariga repara na disformidade entre os pulsos e os dedos, completamente entumecidos, enormes e pintados em tons magenta, de braços pendidos notavam-se facilmente, e passo após passo faziam-se notar cada vez mais, ajoelhou-se junto à cadeira e de costas viradas para a janela estaria a retirar uma mala semelhante à de um médico colocada por debaixo da escadaria, sentou-se de mala ao colo e retirou lá de dentro o que se assemelhava a um teclado, mas era um teclado adaptado à sua condição especial, de que outra forma poderia escrever o quer que fosse, carrega num botão no braço direito da cadeira e sai disparada uma máquina de escrever de uma abertura no chão à sua frente, as duas tábuas que permitem a saída transformaram-se formando uma pequena mesa onde a máquina fica colocada, a mulher encaixa o teclado de caracteres bem visíveis na máquina e a pausa efectuada pelos animais aprisionados à tarefa definida acabara, retomaram o seu incessante trabalhar, de cada vez que a mulher dactilografava uma página deixava-a cair para o chão, e então saltavam dos seus buracos na parede vários hamsters armados de diferentes tipos de lupas pequenas com um impensável e exagerado número de graduações disponíveis, faziam o picotado com as pontas metálicas molhadas num frasco de tinta e recortavam os pequenos pedaços que entregariam aos corredores para que esses os transportassem até ao destino, de encontro às restantes resmas presas aos garfos por ali dispostos ...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Rasgos (πρόλογος)

De acordo com o ultimo registo, a ferramenta ainda inacabada que servia como junção de outras duas peças teria sido utilizada para efectuar a primeira incisão, como consequência de uma superfície indevidamente polida ficou patente um padrão fácil de se identificar, os cortes seguiam numa única direcção, à medida que foi introduzido no seu torso, o sujeito B terá se deixado defecar. Joice, a novata que me fora atribuída (pelo supervisor mais filho da mãe que alguma vez tive) contra vontade à menos de duas semanas é que acabou por reparar nesse pequeno pormenor antes que me viesse o cheiro, segundo o médico legista no local os cadáveres permaneceram cá desde o primeiro fim de semana deste mês, e as janelas quebradas durante o ataque que agora sabemos que havia sido planeado com meses de antecedência, permitiram a que alguns animais abandonados entrassem e rasgassem pequenos pedaços de carne do antebraço do individuo A, o esforço dedicado por parte do terceiro fez com que se evidencia-se uma grande porção de sangue coagulado junto à parte de fora das suas coxas, mesmo por cima dos joelhos, o marido de uma das vitimas, supostamente de férias (ainda por confirmar), assim que colocou a chave na porta e tragou um pouco do ainda estagnado cheiro insuportável, acabou por vomitar sobre os restos de espelho partido no hall de entrada de casa (com abertura directa para a sala de estar no lado esquerdo), todas as impressões digitais ficaram irremediavelmente perdidas, ficámos a saber mais tarde que cinco dos bocados foram utilizados para os cortes aplicados no sujeito B, a traqueia foi parcialmente removida e terá sido colocado um cone feito artesanalmente com o que restava de um dos candeeiros, recorreram a um agrafador agora caído por detrás do sofá para fixar temporariamente o molde afunilado ao que restava da pele por cobrir de sangue no seu pescoço, foi-lhe despejado directamente no que restava da traqueia uma mistura de água com sal gema e ácido clorídrico, também sabemos que um dos transgressores terá ficado com graves queimaduras nas mãos pois foi encontrada uma das luvas utilizadas no chão da cozinha, estava completamente derretida na parte do indicador + polegar...

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

(dedos grossos, um hamster e o frasco de maionese) #2

… suspensa pelo vestido preso ao corrimão de entrada, enquanto olhava através da janela reparou em algo que nem num dos seus sonhos mais profundos teria imaginado, a correria era tal, não pôde compreender como funcionava todo aquele mecanismo, apenas conseguia observar um ou dois hamsters que se moviam rapidamente através de uns corredores por entre séries de garfos cravados no chão, todo o conjunto inclinado não a noventa graus mas a cerca de sessenta no sentido oposto ao da caldeira, cada qual com um cordel de fio ligado que percorria o piso até uma cadeira colocada junto aos degraus para o rés do chão, todas as pontas estavam atadas aos apoios de braços, em cada garfo estavam dispostas o que pareciam ser resmas de papel mas de dimensões reduzidas, quando um dos hamsters se aproximou da janela ela achou-lhes ainda mais piada pois reparou que tinham à cintura um cinto carregado de pontas metálicas de diferentes tipos de abertura, como as utilizadas naquelas canetas antes de aparecerem as de tinta permanente, e cada vez que percorriam aquilo que mais parecia um labirinto até junto do garfo em que trabalhavam em cada um dos percursos tratados individualmente, anotavam qualquer coisa em cada uma das pequenas folhas que colocavam junto às restantes, subitamente toda aquela actividade cessou, como se receassem algo, escapuliram-se todos para uns buracos nas paredes, atenção virada para a cadeira …

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

(dedos grossos, um hamster e o frasco de maionese) #1

Numa casa abandonada de portas e janelas bloqueadas com o socorrer de pregos de 9 polegadas, residia uma mulher que não aparecia na cidade desde Janeiro, estamos no final do ultimo mês de férias de uma rapariga intrépida e sonhadora quanto baste, levara emprestado o chapéu de coco do seu avô, um de aba meio gasta retirado do armário que mal se podia encerrar de tantas recordações comportadas, pied-de-poule em tons de castanho com um forro poá preto, o chilreio dos pássaros pouco evidente legitimado pela hora a que saiu de casa permitiu-lhe alcançar as arestas mais recônditas do seu puro imaginário, recriava cenários de cores e sons à sua medida, e os pássaros celebravam as canções da sua preferência, sabiam-nas todas de cor, permanecia no seu bem-estar utópico, as ervas daninhas transformavam-se em flores de sabonete que fabricavam pequenas bolhas coloridas assim que a humidade transportada pela brisa do oceano âmbar lhes acariciava as pétalas, coitadita, nunca poderia prever tal desenlace, tropeça no segundo degrau enquanto saltitava, e fica pendurada de rosto virado para uma das inúmeras janelas tapadas por rede com vista para a cave, a casa em muito mau estado teria quase todas as tábuas removidas do soalho da entrada, da cadeira de balanço restavam apenas os suportes…

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pânico #0

O ar rarefeito causou-me alguma ansiedade, não sabia o que me esperava no topo, "quanto mais tempo terei que aguentar?" , nem acredito como consegui subir todos aqueles degraus, a fina camada de gelo nas barras laterais sarava a feridas dos meus dedos, mesmo através das luvas, desde pequeno que não observava os campos da vizinhança do telhado no depósito de cereais da quinta do meu tio, "vejo que alargaram de novo o canal para a rega", estes tipos não reparam que a infiltração de água no terreno faz com que toda a estrutura cruzada de varas metálicas acabe por oxidar?, cedendo pouco a pouco?. Por cada avanço que dava tinha que obrigatoriamente pausar durante uns instantes, o acidente que sofri no pomar à tempos, deixou-me bastantes mazelas, de recuperação demorada o joelho nunca mais foi o mesmo, e a prótese total a que me submeti restringia-me o movimento, por vezes encostava-me à escadaria a ouvir aquela brisa fria acompanhada do som das folhas transportadas pelo vento, e o ruído da auto-estrada bem longe, "felizmente que este pequeno espaço só meu, ainda não padece da desilusão que é a grande cidade", todo aquele amontoado de betão e vidro, onde ofende o aproximar e vive a desconfiança. Quase que escorreguei, soltou-se-me um dos sapatos mas como já me restava pouco, adquiri nova resistência e agasalhei-me enroscando mais um pouco o meu cachecol de pêlo farto, ao olhar para baixo encontrei um novo significado para a palavra acrofobia, este medo foi encontrado quando por acidente fiquei preso no topo do edifício onde trabalho, é que durante uma pausa para um cigarro acabei por ter que passar uma noite inteira ao relento até que no dia seguinte o segurança de serviço reparasse em mim, mais uma vez deixei o telémovel em cima da secretária, foi estranho ouvir o assobiar de um vento de tal intensidade que parecia querer-me levar para longe daquele telhado...

domingo, 21 de dezembro de 2008

As escolhas erradas

A primeira impressão com que fiquei, foi de que havia encostado uma cadeira ou algo parecido no outro lado da porta, de cada vez que lhe gritava "abre! por favor! abre-me a porta, não deixes que termine! não assim!", apercebia-me de que apoiava todo o seu peso para impedir que eu pudesse confronta-la de olhos nos olhos, não pretendia forçar entrada pois achei que seria errado e que apenas se afastaria mais, é que nem sempre procedi desta forma, nunca foi algo que fizesse, deixa-la respirar um pouco, desde sempre que lhe impossibilitei as escolhas certas, o que mais poderia esperar... se ao menos lhe conseguisse fazer esquecer todas as minhas imposições por alguns instantes só para a poder "apertar" e encaminha-la de novo para o nosso quarto, gostaria que assim o fosse, mas quando senti os fotógrafos da policia a tratarem-me como um animal engaiolado, e me obrigaram a deitar no chão enquanto tratavam de me algemar, o quer que fosse aquilo em que acreditava, terminou de uma vez por todas, perdi essa ultima oportunidade para sempre, escapou-se-me por entre os dedos...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Imprudente #2

... alguns rapazes de bolsa a tiracolo aproximava-se de Sebastian, "que idiota, bah ah ah" cumprimentaram-no como se estivessem a abrir a porta de entrada da escola ali perto, a qual costumavam invadir durante o fim de semana revirando tudo o que não estivesse suficientemente enraizado no local, deram-lhe um pontapé no rabo fazendo-o cair quase imediatamente, o bater de bochecha no cimento áspero levara-lhe um bocado da face, enquanto limpava a sua própria urina dos lábios, apoiou-se de novo e desta vez o equilíbrio manteve-se por breves instantes, estaria novamente a olhar para aqueles restos de parede desencaixados. Bem, "mas afinal o que é isto, quem foi o gaaajo que tirou isto?", (quando nos surge aquele instinto de observação das coisas, não nos conseguimos conter mesmo que por um segundo) curvando-se enquanto prendia as suas calças um tanto descaídas ainda por abotoar, e determinado a descobrir o que se passava, olha directamente para dentro do muro, é empurrado e fica desligado momentaneamente, quando consegue recuperar os sentidos apercebe-se de uma dor insuportável no seu olho esquerdo, enquanto gagueja uma sobra de Plymouth que havia escondido por debaixo da língua, sem que compreendesse o que lhe estaria a suceder ...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Men

Resolvi aparecer, "seria suficiente?" perguntei-me a mim mesmo, "estarei em condições de antever os seus novos truques?" Encontrei-a à entrada, "acabei de sair de uma reunião" foi o que me disse, mantendo sempre aquele ar guloso e descontraído, de cigarro descaído entre os dedos e o cotovelo apoiado na pasta de documentos que teria sobre o colo, enquanto continuava sentada num dos degraus alcatifados por debaixo do toldo de entrada do hotel, estava a comentar o romance entre 2 colegas de escritório com um dos empregados do starbucks ali perto, o sacana percorria-lhe a parte de trás do pescoço como se a conhece-se desde sempre, "filho da mãe, toca-lhe mais uma vez e quebro-te esses dentes, seu nojento!", acabei por puxar-lhe o braço ao que deixou cair o cigarro que o maldito porteiro apanhou de imediato, "aproveita essa beata, pois nunca poderás provar mais que o sabor da nicotina junto a essas marcas de bâton presentes no filtro", eu sei o que se passava na ideia de cada um daqueles tipos pois em tempos participei no mesmo jogo, apressado e indisposto de estômago impedi que se desassocia-se de mim utilizando uma desculpa qualquer, contei-lhe como estaria completamente apaixonado e que deveria abdicar do meu estatuto na firma para que pode-se continuar ao lado dela, é o que dá cair num abismo tão subitamente e trepar de seguida ficando quase sem fôlego... riu-se na minha cara e disse-me "estou disposta a usar todas as fotos contra ti, nunca te negarás a fazer o quer que seja, caso contrário os teus filhos saberão tudo sobre as posições que te agradam e toda a dor que partilhámos", perdi toda a minha força com que a segurara e deixei-me cair de joelhos enquanto me virava as costas e entrava novamente para o hotel...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

(Josh + Ann) #1

Josh consternado com a atitude dos tipos da ambulância que transportara a rapariga com quem se identificava desde os seus 14 anos, a mulher que lhe transformaria a vida, diziam-lhe que os espasmos provocariam ferimentos e que seria para o bem da sua parceira que estivesse de pulsos atados, Ann de pupilas desgovernadas teria grande dificuldade em encontrar Josh, mas sentiria todo o apoio para que se mantivesse tranquila através da mão colocada no seu ombro, a preocupação de que chega-se a salvo ao hospital onde poderiam tomar partido de toda a instrumentação tornou-se numa prioridade exigida àquele serviço, seria estranho para alguém como Ann estar aprisionada naquele corpo febril sem que pudesse evitar o desconforto, sentia-se indefesa e isenta de obrigações ao mesmo tempo, seria uma opção a de continuar e lutar para que permanece-se junto à pessoa que lhe recordava tudo o que a vida lhe traria de bom ou então esquecer a doença que a atormentava desde à 2 anos...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Imprudente #1

Sebastian Rawling diverte-se imenso estando sempre disposto a esgotar a paciência de qualquer bom samaritano, após alguns copos no pub local dirige-se a casa, ou ao menos tenta, enquanto arrasta o seu corpo para o outro lado da estrada sem dar atenção a qualquer carro que apareça ao curvar da esquina repara que o muro encostado ao seu prédio teria algo de diferente, para além de uns tags novos que alguns dos brats locais teriam tratado de aplicar, estariam dois tijolos retirados, é óbvio que todo o consumo descontrolado apagou-o quase ao ponto de nem se poder levantar do mesmo banco de sempre num dos cantos de balcão do "Hair Of The Dog". Oliver, o cunhado do dono que após denuncia de um envolvimento rápido com a filha de 17 anos do seu empregador, na mercearia da cidade mais perto fora despedido e agredido tendo ficado com uma falta do seu lóbulo auricular direito, descoordenado e sem pagamento para esse mês, ficou a viver num sótão por cima do bar sem nunca ter oferecido resposta para a razão do seu despedimento a Riley, o dono. Sebastian mais uma vez fora posto na rua amparado pelo seu "amigo" desgovernado, de bexiga cheia procura a sua braguilha como se alguém lhe tivesse vestido as calças ao contrário, apoiou-se de braço estendido e camisa desabotoada na manga, naquele muro esquecendo-se por alguns instantes daquilo que lhe teria despertado alguma curiosidade,......