sábado, 29 de janeiro de 2011

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Rogo rosnares à indisposição matinal, prego os pés descalços no cubículo onde perduro descansado, as sobras de areia fazem-me espécie, não acordo vestido pelos chilreio de pássaros pois derrubaram-lhes as salas de estar, oiço-os longe desde o local para onde migraram, não me apoquentam como antigamente, relembro o desmaio na noite passada, deixando-me recostar no cabeço da cama obriguei-me a um desencaixe das sapatilhas de treino, foi aí que expulsei pequenos grãos que agora cobrem parte do chão, habito o hábito e desocupo a habitação em jejum, não transporto muito comigo, carrego as chaves distribuídas entre vários anéis de metal, são três mas permanecem constringidos, não como naqueles truques de magia com argolas de aço que se desconjuntam, levo a carteira pejada de talões, tiquets de parques de estacionamento, dinheiro junto a vales de desconto caducados e uma enorme variedade de cartões, entre os quais estão incluídos alguns de negócios aos quais nunca prestei atenção, procedo conduzindo sempre obedecendo aos limites impostos, e claro está, respeitando os níveis sonoros admitidos legalmente, rodo suavemente o controlo de volume ao ritmo possante embalado pelas baixas frequências auxiliadas por ínfimas partes de estridências perfurantes, repito as palavras que se fazem sentir nos altifalantes pois também os músicos o fazem, faço questão de triplicar em número algumas passagens, aos vidros esgota-se a resistência das borrachas que os acomodam, o veiculo trepida rejeitando a secura externa de um distinto e enraizado silêncio, aproximo-me do parque de recreio e posiciono-me junto ao sinal encapuçado pelas proibições pré definidas, estoicamente erguido à entrada, salto o muro e sigo a presença à minha esquerda de um dogue alemão cinza, atado a um tronco tombado de seco, procuro a câmara fotográfica dentro da sacola e disparo contra tudo até acabarem-se-lhe as baterias, ao longo do traçado longas ervas daninhas alcançam-me os braços, acaricio-as com as pontas dos meus dedos, atiço-lhes essência e rejeito o aborrecimento pois gosto de flutuar livre, cruzo-me com corredores desconfiados quanto aos meus motivos enquanto capturo segmentos de película de dez em dez segundos, elaboro uma panorâmica de todo o trajecto durante a ida, pretendo aprumar esta experiência acrescentando-lhe mais tarde a paleta das minhas especiarias favoritas, passo por bancos caixotes e troncos cadeiras, locais preferidos dos necrófagos descalços que se afundam no lodo, fotografo latas perdidas e garrafas cobertas de lama, aves que voam e aqui nidificam sem que alguma vez venham a saber se conseguirão resistir aos fortes ventos e chuvadas imprevisíveis, adiante contorno os delimitadores dos campos de golfe arriscando-me a saborear um projéctil na têmpora direita, premeiam-me em virtude dos dotes das esposas aprisionadas aos procedimentos das suas peças de puzzle respectivas, aquelas às quais se acostumaram e desgastam-se facilmente até se obter um encaixe por completo, não estou nem fico ofegante enquanto trepo a rampa junto à abertura, inicio a travessia à extensão oferecida pela ponte, apetece-me uma pausa e debruço-me pela sua metade, aguardo pacientemente enquanto vislumbro a suavidade e braveza da ténue corrente da ria, prossigo esfumando-me por entre obstáculos construídos de madeira, não desço os degraus no final da plataforma pois estão toldados por mais uma restrictiva representação, alcanço a praia e preencho as meias com areia por onde passo, enterram-se-me as pernas mas escapo ileso, procuro uma protuberância afastada da batida das ondas, cruzo-me sentado e escrevo isto.

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