Canto Definido*
terça-feira, 29 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
quarta-feira, 16 de março de 2011
x-w
Indigesto este alento reproduzido sobre papel, deleitei-me acerca de estórias sorvendo-as tal como a uma receita de farpas brancas de chocolate depostas sobre gelado emoldurado em cristal esculpido em jeito de taça, servidas escaldadas pela fornalha que me aufere o direito de selecção, o "credo" que bafejo sai gritante refundido em gemidos profusos e dilacerantes, percutido pelo desgosto de quem é ameaçado de fresco pelo seu obtuso desfasamento daquela que é uma mera existência física, os podres e as fezes das vidas não me afectam a visão tórrida dos sonhos, não leio aquilo que vomitam pois rejeito a postura de quem se não eu, "vocês fustigam-me as pálpebras, enxugam-me as lágrimas e lambem-se surdos de encontro aos buracos ensanguentados de carne pútrida presente nas minhas palmas" diria o meu hemisfério esquerdo sequioso por cada vitima aquando lhe apalpa as nádegas, enceto cada livro como déspota avarento, mas denuncio o desflorar da ilustração que se ostenta como cabra enquanto se peida sobre o titulo, abro-o quebrando-lhe a espinha dorsal e mutilando-lhe o caminho até ao verso da contracapa, é aí que cuspo aquilo que me deu a provar, escarro os meus alvéolos moribundos e desboto este nojo identificado após parto, "julga-se a merda pela aparência, e esgotam-se os tributos prestados", as consequências destes actos impiedosos consagram-me os tumultos entre fibras musculares, a fúria apodera-se dos meus bíceps aquando alargo fendas nos pulsos, exponho o osso e o sangue e a carne que ralo entredentes descaracterizados, amarelo porco de avermelhado escuro obtido graças aos hábitos descuidados do tabaco, fujo à rotina ordeira do sexo e da obstrução mental, as foices que me atravessam as protuberâncias nos seios comprometem-me a ida à casa de banho, onde esmagaria o espelho e mastigaria o vidro partido, colocaria o meu nariz rasgado sobre a torneira e conseguiria pausar a minha ânsia, mas claro está... não me impede a coceira do ácido nas paredes do estômago nem justifica folhear algo que me aborrecerá de morte.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Poetry...
“How is it over there? How lonely is it? Is it still glowing red at sunset? Are the birds still singing on the way to the forest? Can you receive the letter I dared not send? Can I convey... the confession I dared not make? Will time pass and roses fade? Now it’s time to say goodbye, like the wind that lingers and then goes, just like shadows. To promises that never came, to the love sealed till the end. To the grass kissing my weary ankles, and to the tiny footsteps following me. It’s time to say goodbye. Now as darkness falls, will a candle be lit again? Here I pray... nobody shall cry... and for you to know... how deeply I loved you. The long wait in the middle of a hot summer day. An old path resembling my father’s face. Even the lonesome wild flower shyly turning away. How deeply I loved. How my heart fluttered at hearing your faint song. I bless you. Before crossing the black river with my soul’s last breath. I am beginning to dream... a bright sunny morning... again I awake, blinded by the light... and meet you... standing by me.”
segunda-feira, 7 de março de 2011
A + A
Sinto-me ludibriado pelo teu porte trémulo, afugentas-me de lábios fartos e emancipados de fervor, sorves um pouco desta predisposição angustiante, enfureces-me de soltura posta e fulgor de carne aquando te resguardas de encontro a mim, apegas-te ao meu torso enquanto cospes os restantes botões da camisa que me alberga, abraço-te esborrachando-te esses teus seios firmes contra a minha sede, costuramos ténues contornos inaugurando este novo ser, abrasem-se os mantos que nos cobrem e fabricamos acolchoados de sabor etéreo, inaudível sorte que nos obriga a pernoitar neste limbo provisório, sobreviveremos mordazes no entanto.
Etiquetas:
Amor
Silogismos
Saber distinguir entre um ideal conceptualizado e a presença física reduz-se a uma palavra: dúvida, trata-se de uma questão à qual não conseguimos obter resposta sozinhos, o nosso fulcro enquanto seleccionamos acabará fundamentado graças ao bom senso adquirido com o tempo, com o decorrer de experiências que fomentam um apetite maior do que aquele que já possuímos, é a consagração de um entrelaçado entre duas pessoas que admitidamente procuram preencher uma lacuna que lhes ameaça o fervor, este lance acabará transformado numa disciplina caso seja omitido na origem, as batidas de porta na cara tratam da certificação, do atestado insípido e ruptura da genuinidade, alguém que esteja balanceando de feridas expostas procurará descartar abordagens de afecto, rejeitar uma submissão do seu desfalecimento em braços alheios, desfazer esse contracenar harmonioso aquando se dança com o coração, quem procura desligar-se de suas ocorrências passadas não segue estes movimentos doces, não sente, não pretende testar a proximidade do desgosto, há quem costume etiquetar esse espaço como frigido, mas não o é, todos nós, mesmo os que apostam na indiferença sentem o despontar do prazer, o sortido do arrepio através do qual flutuamos e a brevidade da paixão entediada pelo respeito amoroso.
domingo, 6 de março de 2011
Desmentido
Não é costume desencadear total transparência, permito-me condicionar a sobreposição de palavreado pois o seu apego pertence-me, apelar à uniformidade é algo que não corresponde à minha participação durante sub-entendimentos, quase sempre as interpretações abstêm-nos desse todo, as raízes perdem o seu foco principal, quando se sente aquilo que se transporta para o formato textual canalizamos grande parte das nossas energias, seguimos os contornos de introspecção apoiando-nos em utensílios que nos permitam tecer algo, repetimo-nos encarcerados nas restrições que nos afligem seguindo a superfície desta espiral que nos persegue, esta perspiração intoxica-nos o fluxo que nos favorece e obriga-nos a respeitar esta necessidade de absorver o que nos rodeia, cada sopro de coração justifica a paralisia que deforma quem consegue definhar nos seus dotes, sujeita-se quem preza o desprezo, sujeita-se quem apraza a perda sensorial, sujeita-se quem se despe de critérios.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Budapeste
"Para esquecer aquelas palavras ditas à Vanda, talvez fosse melhor necessário esquecer a própria língua em que foram ditas, talvez fosse possível substituir na cabeça uma língua por outra, durante algum tempo minha cabeça seria assim como uma casa em obras, com palavras novas subindo por um ouvido e o entulho descendo pelo outro."
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Are you listening to me? No! I See you!
"There are times when life calls out for a change. A transition, like the seasons. Our spring was wonderful but summer's over now, and we missed out on autumn. And now, all of a sudden, it's cold. It's so cold, everything, everything is freezing over. Our love fell asleep. And the snow took it by surprise. But if you fall asleep in the snow, you don't feel death coming."
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Saliências
Mudámo-nos à pouco, juntos desencadeamos esta espécie de cerimónia, em casa compete-me a arrumação dos livros, aparafusar as prateleiras que servirão como albergue para os estojos de aguarelas, trinchas, bisnagas de óleo e as telas que ficarão encostadas à parede ( impedidas de se estatelarem no pavimento graças a uma rede de tiras de plástico encontrada num estabelecimento de venda a retalho ), a continuação da pintura dos quartos fica para mais tarde segundo a minha esposa, os lençóis que cobrem parte da mobília agora salpicados foram-nos oferecidos, “que compostura desagradável” diríamos, acabaram por finalmente servir um propósito... rimo-nos imenso.
- Oiço-os divertirem-se até às tantas e isso estrangula-me a paciência, ela desconhece de todo os laços apetitosos sustentados pelo seu tombar embaraçoso, esbarrou-se em mim o incauto, de bochechas rosáceas suplicou misericórdia inúmeras vezes até que conseguiu que cessasse o meu direito à reclamação, da noite escorre o dia e trocámos dores e vivências, entregou-me uma infinidade de segredos e acompanhou-me através do meu blog, fluía fogo e permiti-lhe acesso ao meu livro de recordações.
Julguei tê-la junto do coração mas quis libertar-se destas minhas amarras, acredito que ao sentir-se alarmada pela curiosidade acrescida, o desespero e expectativas desobedecidas a fizessem desacreditar na sua própria honestidade, virou-me as costas tal como aos seus comentadores, todos lhe suplicavam o retorno, fingiam o quanto a amavam, mas esse amor sei que o guardava apenas para mim.
- Merda…existo unicamente na minha cabeça, despeço-me desta disfunção desdobrável, reiterei-me acabando por desfazer as brincadeiras, enganei-me na redoma e “asneirei-me” contra as paredes, permuto os gostos e vontades, apresentar-me-ei esquiva às revisões… louca mas isenta.
Finalmente encontrei-a, aparentava-se distinta, mas durante todo este período eduquei-me observando mazelas esquecidas conseguindo-lhe encontrar os atilhos e as sobras desbotadas pela premissa agora praticada, custa-me tanto…mas tento compreende-la, pois é ao que se acostumou, a escarificação da alma não é pêra doce.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Predominantemente...
Escrita...consorte perniciosa que faz jus à sua autenticidade libidinosa, castigar este traçado caligráfico auscultando-lhe o soro fervido apenas lhe custará a consanguinidade, incorporas-me... Fodes-me a carne e remendas-me a volatilidade diplomática, impossibilitas-me o apetite pl’o ânimo, o que pretendes afinal?...escorraças-me e inseminas-me simultaneamente...
sábado, 5 de fevereiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
deploying video-ports
Rogo rosnares à indisposição matinal, prego os pés descalços no cubículo onde perduro descansado, as sobras de areia fazem-me espécie, não acordo vestido pelos chilreio de pássaros pois derrubaram-lhes as salas de estar, oiço-os longe desde o local para onde migraram, não me apoquentam como antigamente, relembro o desmaio na noite passada, deixando-me recostar no cabeço da cama obriguei-me a um desencaixe das sapatilhas de treino, foi aí que expulsei pequenos grãos que agora cobrem parte do chão, habito o hábito e desocupo a habitação em jejum, não transporto muito comigo, carrego as chaves distribuídas entre vários anéis de metal, são três mas permanecem constringidos, não como naqueles truques de magia com argolas de aço que se desconjuntam, levo a carteira pejada de talões, tiquets de parques de estacionamento, dinheiro junto a vales de desconto caducados e uma enorme variedade de cartões, entre os quais estão incluídos alguns de negócios aos quais nunca prestei atenção, procedo conduzindo sempre obedecendo aos limites impostos, e claro está, respeitando os níveis sonoros admitidos legalmente, rodo suavemente o controlo de volume ao ritmo possante embalado pelas baixas frequências auxiliadas por ínfimas partes de estridências perfurantes, repito as palavras que se fazem sentir nos altifalantes pois também os músicos o fazem, faço questão de triplicar em número algumas passagens, aos vidros esgota-se a resistência das borrachas que os acomodam, o veiculo trepida rejeitando a secura externa de um distinto e enraizado silêncio, aproximo-me do parque de recreio e posiciono-me junto ao sinal encapuçado pelas proibições pré definidas, estoicamente erguido à entrada, salto o muro e sigo a presença à minha esquerda de um dogue alemão cinza, atado a um tronco tombado de seco, procuro a câmara fotográfica dentro da sacola e disparo contra tudo até acabarem-se-lhe as baterias, ao longo do traçado longas ervas daninhas alcançam-me os braços, acaricio-as com as pontas dos meus dedos, atiço-lhes essência e rejeito o aborrecimento pois gosto de flutuar livre, cruzo-me com corredores desconfiados quanto aos meus motivos enquanto capturo segmentos de película de dez em dez segundos, elaboro uma panorâmica de todo o trajecto durante a ida, pretendo aprumar esta experiência acrescentando-lhe mais tarde a paleta das minhas especiarias favoritas, passo por bancos caixotes e troncos cadeiras, locais preferidos dos necrófagos descalços que se afundam no lodo, fotografo latas perdidas e garrafas cobertas de lama, aves que voam e aqui nidificam sem que alguma vez venham a saber se conseguirão resistir aos fortes ventos e chuvadas imprevisíveis, adiante contorno os delimitadores dos campos de golfe arriscando-me a saborear um projéctil na têmpora direita, premeiam-me em virtude dos dotes das esposas aprisionadas aos procedimentos das suas peças de puzzle respectivas, aquelas às quais se acostumaram e desgastam-se facilmente até se obter um encaixe por completo, não estou nem fico ofegante enquanto trepo a rampa junto à abertura, inicio a travessia à extensão oferecida pela ponte, apetece-me uma pausa e debruço-me pela sua metade, aguardo pacientemente enquanto vislumbro a suavidade e braveza da ténue corrente da ria, prossigo esfumando-me por entre obstáculos construídos de madeira, não desço os degraus no final da plataforma pois estão toldados por mais uma restrictiva representação, alcanço a praia e preencho as meias com areia por onde passo, enterram-se-me as pernas mas escapo ileso, procuro uma protuberância afastada da batida das ondas, cruzo-me sentado e escrevo isto.
Etiquetas:
Direct Sunlight Exposure
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Xenon Headlights
Num acto de desespero atinge-me na perna utilizando a porta do carro semiaberta como arma de arremesso, enquanto lhe estico as malhas do sobretudo atiro o meu telemóvel em direcção aos pedais, escapou-se-me a tentativa de dissuasão, obriga-me num estalo a confrontar os motivos pelos quais nos deixámos envolver nesta disputa, insulta-me bafejando todas as pragas possíveis até que alcança a autoestrada, trepa os separadores e move-se intrépida por entre faróis que se despistam entrosados uns nos outros, tropeço mas sigo-a tosco no andar assim que recupero, ergo-me manchando os pulmões ao respirar a poeira levantada no ar, avisto-a histérica enquanto pragueja sofregamente de rosto rorschach, não entendo o que diz mas consigo ler-lhe um “foda-se, deixa-me!” na sua boca, os buzinões orquestrados preparam-nos este duelo premente, atira-me a bolsa aos tomates e sucumbo apoiando-me de mãos estendidas no asfalto, a dor intensa suspende-me a respiração obrigando-me a compensar enquanto faço balão de boca, mantenho-me imóvel tendo que aguentar o seu pulso rígido marcar-me o ombro repetidamente, rasgando-o com o trinco metálico da bracelete do relógio, oferta minha após a morte do seu pai, leia-se a inscrição cliché na parte de trás “crescemos entrelaçados como cerejeiras, crescemos abotoados pelo destino, adornados de doce amor”, faço-me propenso e oiço-a desperto enquanto sacoleja as seguintes palavras “deixei-me desvanecer no significado oco das tuas palavras, afastaste-me da minha irmã, não quero, continuas a mentir, eu sei que sim”, acaba pontapeando-me e eu tento atenuar esta imposição afastando-me para os lados, esgotada e ofegante, derreada de tanto recolher o seu cabelo para trás, observa-me como se lá não estivesse mas repara que descoso o meu bloco de notas de dentro do casaco, desfolho-o e revelo-lhe um talão da loja de lingerie que fica situada a cerca de dois blocos da nossa casa, justifico-me dizendo-lhe o seguinte “por favor, tenta compreender que os meus motivos para te ocultar tudo isto foram apenas o resultado por não ter conseguido reserva a tempo na estância turística, quis combinar com uma das empregadas que fazem a limpeza dos quartos afim de deixar o conjunto disposto sobre a cama, teria gostado imenso que o vestisses para mim”, de imprevisto agarra-me pelos braços abocanha-me a língua e solta-me de seguida, olha para mim, fecha as pálpebras enquanto sorri descontroladamente, tatuado a tinta correctora leio-lhe no olho esquerdo “fail!” e no seguinte “lol :b”.
Etiquetas:
O Desacreditar
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Subscrever:
Mensagens (Atom)